O Atlético deve se preocupar tão somente com o Campeonato Brasileiro. Já sei que no futebol existe o imponderável e o improvável, mas, acreditar que o alvinegro possa devolver os 3 a 0, ou vencer por 4 a 0, o Cruzeiro, na quarta-feira, ainda que no Horto, é demais para esse velho escriba. A Copa do Brasil deve ser encarada como passado. Dirão alguns que o Liverpool perdeu por 3 a 0 para o Barcelona o jogo de ida e meteu 4 a 0 no de volta, chegando à final da Champions League. Porém, estamos falando de Salah, Mané e Firmino, não de Zé Welison, Luan e Patric. Já que a campanha no Brasileiro, pelo menos até aqui, é boa, na parte de cima da tabela, que explore isso e consiga vitórias e mais vitórias, enquanto os times mais fortes estão preocupados com Copa do Brasil e Libertadores. Usar time reserva contra a Chapecoense será uma insanidade do técnico Rodrigo Santana. Tem que priorizar a única competição que resta: o Brasileirão.
A propósito, o que de tão errado havia no Atlético para o diretor de futebol, Rui Costa, tomar tantas atitudes intempestivas? Ele não conhece a história do clube, suas conquistas recentes e tradições. Não o vejo com cacife para ser esse todo-poderoso. A cartilha é simples, se bem seguida. O presidente Sérgio Sette Câmara procura sanear as finanças do clube para entregá-lo melhor ao sucessor, mas é preciso cuidar com carinho do carro-chefe, que é o futebol. Sem ele, não há torcida, não há razão de o clube existir. Por que efetivar Rodrigo Santana se Abel Braga está desempregado? Um pouco de calma e estratégia não fazem mal a ninguém. Rui Costa precipitou-se nesse quesito e em tantos outros, que só virão à tona quando o caldo estiver entornado. É preciso cuidado com os palpiteiros do passado, gente que jogou o Atlético aos leões, na lama, no limbo. O Cruzeiro, que vive a fase mais grave de sua história, com denúncias de corrupção, fechou-se com Mano e os jogadores, e o resultado foi o que vimos na quinta-feira. Quem é do ramo sabe muito bem o que significa um grupo fechado com o treinador. Eles não deixaram nenhum dirigente se meter no futebol, naquele momento. Ganharam em campo, com seus métodos.
A gente sabe que existe um Brasileirão, antes e depois que os principais times que disputam a Libertadores começam a se interessar por ele. E, curiosamente, Palmeiras e Flamengo, que disputam a Libertadores também, estão lá na frente no Brasileirão – o Palmeiras, com sobras. Isso vai dificultar ainda mais as pretensões do Galo, que, com toda certeza, não vai levantar o caneco nesta temporada. Olhando para Luan, Patric e companhia fica fácil chegar a essa conclusão. O torcedor vai sonhar com vaga na Libertadores, outra vez, e só. Não existe mágica no futebol. Se você tem um time qualificado, vai chegar. Se não tem, vai figurar na competição. Será assim com o Atlético e mais 15 clubes nas mesmas condições que ele. Portanto, o diretor de futebol, Rui Costa, deve trabalhar com os pés no chão, com a realidade que lhe é apresentada, sem inventar ou querer destruir o que de bom foi construído nos anos de ouro do Galo.
Aliás, ele deveria se preocupar, agora, no meio do ano, em formar uma equipe vencedora para a próxima temporada. Rescindir contratos onerosos e que têm dado prejuízo técnico, com jogadores abaixo da crítica – e o torcedor sabe quem são –, e montar um time vencedor, um grupo que possa ter confiança da torcida.