A seção Entrevista de Segunda, publicada desde 2021, às segundas-feiras, chega hoje (28/8) à sua 120ª edição. E para marcar a data, uma grande notícia. Em menos de um ano – desde a publicação mais recente na coluna sobre o tema –, a biblioteca do Centro Cultural do Minas Tênis Clube dobrou o número de empréstimos de livros, passando de 1.500 para 3 mil empréstimos mensais. Uma grande notícia para provar que, mais do que nunca, o livro físico continua em alta. Para falar sobre o assunto, a coluna conversa com o presidente do Minas Tênis Clube, Carlos Henrique Martins Teixeira.
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Herdeiro de fotógrafo tradicional de BH mostra relíquias do acervo do paiPriscila Freire, personalidade da cultura em Minas, chega aos 90 anosArtista carioca indicado ao Prêmio Pipa fará 1ª exposição individual em BHDesde a sua inauguração, em dezembro de 2021, a biblioteca aumentou seu acervo de 6 mil exemplares para 9.478 publicações, divididas em 19 categorias. Então, além de o espaço com projeto arquitetônico de Isabela Vech ser muito aconchegante e confortável, e obedecer ao cuidadoso conceito de Cleide Fernandes, bibliotecária e gestora cultural da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas, e Fabíola Farias, profissional de letras e pós-doutora em ciência da informação, ele oferece uma gama imensa de opções para todos os amantes das letras. O Minas Tênis Clube acredita que a cultura é um pilar importante para a manutenção de uma sociedade saudável e com senso crítico.
O que levou a esse aumento na procura pelos livros?
O que percebemos é que o interesse pela leitura é genuíno. A partir daí, entendemos que o investimento em atividades e ações de fomento à leitura e o contato com a palavra escrita seriam fundamentais. Dessa forma, pensamos em projetos que abraçassem o público levando para ele o conhecimento e formas de leitura. Desde 2016, temos na nossa agenda do Centro Cultural Unimed-BH Minas o Letra em Cena. Como ler…, nosso programa literário que tem a curadoria do jornalista José Eduardo Gonçalves e é totalmente gratuito. Nele, trazemos para o nosso Café Cultural (e em 2023, em algumas sessões especiais, para o nosso teatro) especialistas, acadêmicos, críticos literários que levam para o público, de forma palatável a análise de clássicos em língua portuguesa. Para além disso, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e com patrocínio do Rio Branco Petróleo, em maio deste ano, criamos uma agenda de programação da biblioteca, com palestras, oficinas, rodas de leitura, narração, contação de história para públicos diversos e com acesso gratuito. A curadoria dessa programação pinçou profissionais especialistas reconhecidos na cena literária da capital. Para ampliar o acesso, fizemos no nosso canal oficial do YouTube uma playlist com a gravação dessas atividades.
Os dados da biblioteca do Minas mostram que o livro físico ainda exerce fascínio sobre o leitor. O senhor concorda com essa ideia e por quê?
Concordo sim. O objeto livro é um passaporte para o conhecimento, para a imaginação, para um mundo em que cada um de nós tem espaço para sonhar e ampliar a suas ideias, opiniões e pensamentos. E ainda há aquelas pessoas que têm o gosto analógico, que não se entregaram totalmente ao mundo virtual, mantendo a necessidade de pegar no objeto, sentir o cheiro das páginas, observar a capa com cuidado e analisar a imagem. Isso é uma magia, uma paixão e à paixão apenas cedemos o nosso amor.
Com o aumento da procura do livro, como o Minas está se movimentando para adequar o acervo, que naquela entrevista de outubro de 2022 era formado por mais de 7 mil exemplares?
Atualmente em nosso acervo há cerca de 9.500 publicações. Mantemos na biblioteca uma equipe de profissionais formada por bibliotecários antenados aos lançamentos do mundo literário e que pesquisam as obras das editoras. Eles também mantêm contato sólido com o público, ouvindo suas necessidades, desejos e vontades. Esses profissionais orientam os leitores e indicam, quando solicitados, leituras. A biblioteca do Centro Cultural Unimed-BH Minas também recebe doações de livros após criteriosa análise da qualidade da publicação.
Apesar dessa procura, o que o público ainda não sabe sobre a biblioteca, tantos os sócios quanto não-sócios?
Tentamos manter o público de associados e não associados sempre informado sobre a programação da biblioteca. Enviamos para a imprensa a agenda e publicamos em nossas redes sociais. O perfil no Instagram dedicado à divulgação da cultura do Minas conta com quase 20 mil seguidores. Percebemos sim um gargalo, porque, por mais que o nosso espaço cultural seja público e esteja completando 10 anos de atuação, ainda há pessoas que não o conhecem. Sendo assim, nos esforçamos para sempre estar presente na mídia e nas redes sociais, mostrando o conforto da nossa biblioteca e afirmando que o acesso a ela é gratuito e público.
Com a certeza de que a biblioteca se firmou na estrutura do Minas, quais os desafios que ela impõe?
Manter um complexo cultural como é o Centro Cultural Unimed-BH Minas é um desafio diário. Dessa forma, estamos sempre nos estimulando a criar atrações, agendar uma programação criativa e atrativa para todos os perfis de público. Na biblioteca, especificamente, tentamos manter ações que fomentem a leitura e que sejam sedutoras e proporcionem uma experiência única para os amantes da leitura.