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Paco Pigalle, que mudou de endereço 13 vezes, sossegou na Floresta

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Por exatos 13 anos, fãs de Paco Pigalle seguiram a via-sacra nômade do bar batizado com o nome dele, que mudou de endereço 13 vezes.

"Naquela época, o alvará da prefeitura demorava muito tempo. Quando liberavam ou não o funcionamento da casa, eu já estava seguindo para outro endereço", recorda Paco, que há 22 anos está fixo no casarão da Avenida do Contorno, 2.314, no Bairro Floresta.





Depois de dois anos e uma semana fechado, o espaço reabriu no mês passado. Paco conta que comparada ao mesmo período de 2021, a situação é melhor, mas nem por isso está mais fácil. “Não reclamo. Vou trabalhar”, ele diz.

A casa de Paco foi uma das primeiras a fechar com a chegada da pandemia, muito antes da determinação da Prefeitura de Belo Horizonte. De olho no cenário europeu, ele percebeu que não haveria outra solução a não ser suspender as atividades. Demitiu empregados, fez os acertos e recorreu a empréstimo para voltar à ativa.
Pista se destacava na noite de BH, em 2017 (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press/24/3/17)

Por enquanto, está abrindo apenas duas vezes por semana. Os shows de convidados, às quintas-feiras, por ora estão suspensos. Às sextas e sábados, o próprio Paco anima a pista.





A crise obriga donos de casas noturnas a procurarem alternativas para sobreviver, mas não está fácil. Frequentadores de bar fazem das suas, há até um novo golpe na praça. Pessoas levam uma bolsa de soro debaixo da blusa. O conteúdo é trocado por bebida alcoólica, que vai para o copo por meio de uma pequena mangueira.

Paco conta que foi fácil perceber o golpe, pois os que gastavam pouco no bar estavam muito chapados.
Em 2022, de portas reabertas no Bairro Floresta (foto: Paco Pigalle/acervo)

Apesar do prejuízo, ele diz compreender que a situação está ruim para todo mundo. Cita sua rotina nos supermercados e sacolões do Sion, onde mora. “Ouço muita gente reclamar da alta dos preços. Se está complicado para a galera com renda fixa, imagine para a minha molecada de universitários!”, comenta. E revela que só em último caso expulsa de seu bar o dono da bolsa de soro.

“Quando os garçons percebem movimento diferente ou quando a pessoa pede mais de um copo de gelo, já desconfiamos. Pedimos a bolsa de soro, guardamos e a devolvemos quando a pessoa vai embora”, diz.