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Único baile de debutantes pretas de BH completa 59 anos

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A coluna conseguiu localizar duas das debutantes que participaram, em 1963, do primeiro (e único) baile de debutantes pretas realizado em Belo Horizonte. Marina Vieira do Rosário, tem 75 anos, mora no Barreiro. Georgina Rosa Henriques, de 78 anos, no Bairro Caiçaras. Por coincidência, as duas aparecem uma ao lado da outra em uma das fotos reveladas pela Hit. Curiosamente, Marina e Georgina encontraram-se depois daquele baile uma única vez dentro de um ônibus.





Quase 60 anos separaram as fotos publicadas nessa edição da Coluna Hit. As imagens em preto e branco são os registros do baile de debutantes pretas realizado por iniciativa da Associação José do Patrocínio. Os registros, imagens e cobertura social àquela época foram feitos pela revista A Cigarra e fazem parte do acervo da gerência de Documentação do Estado de Minas.
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Marina Vieira diz que festa de debutantes é sonho se quase todas as meninas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Marina e Georgina não esconderam a alegria de rever as imagens publicadas, na edição de 1º de maio, do EM. Até pouco tempo, elas possuíam exemplares originais das revistas, que foram perdidas.

Marina disse que o convite para participar do que seria o primeiro baile da Associação foi de grande alegria. "Uma festa como aquela é geralmente o sonho de toda menina", frisa. "A formação de todas as meninas, em semicírculo, no salão, foi a coisa mais linda", recorda, com saudades.





A festa, conforme relembra Georgina, não era apenas para meninas de 15 anos. "Eu mesma tinha 18, outras 17 e só uma de 15."

Coluna conseguiu encontrar Marina Vieira (1ª à esq.) e Georgina Rosa (2ª), ambas participaram, em 1963, do primeiro (e único) baile de debutantes pretas realizado em BH (foto: José Nicolau/O Cruzeiro/Arquivo EM %u2013 1963)

A escolha das meninas para o baile foi a partir de convite direcionados aos associados da José Patrocínio que tivessem filhos. "Zilda, irmã que já morreu, era boa costureira e fez um vestido lindíssimo, a partir de modelo padronizado pela associação", conta Marina. "Houve uma reunião para discutir todos os detalhes. Em casa, todas as minhas irmãs me ajudaram com o vestido, me pentearam. Foi quase um conto de fadas", acrescenta Georgina.

Georgina dança nos salões do Clube dos Oficiais da Polícia Militar, em festa promovida pela Associação José do Patrocínio (foto: José Nicolau/O Cruzeiro/Arquivo EM %u2013 1963)

A Associação José do Patrocínio, que funcionava na Avenida Brasil, 236, no Bairro Santa Efigênia, foi fundamental para as pessoas pretas que viveram em Belo Horizonte nos anos 1950 e 1960. Georgina lembrou também que na época, nos bailes abertos a todos, os rapazes brancos sempre eram preconceituosos, chamando-as de “nega do cabelo duro”. Na associação, havia eventos sociais e educacionais para negros.