Em algum momento da vida, independentemente de sua idade, você já cantarolou estes versos: “Aqui nesse mundinho fechado, ela é incrível/ com seu vestidinho preto indefectível/ Eu detesto o jeito dela, mas pensando bem/ Ela fecha com meus sonhos como ninguém”. Mas se você tem mais de 50, vai ficar com a pulga atrás da orelha: afinal, quem era a musa que circulava pelo extinto Bar Nacional que inspirou “Garota nacional”, canção gravada pelo Skank no terceiro disco da banda, “Samba Poconé” (1996)? “Eu também queria saber quem foi ela. Dizem que era frequentadora da casa”, diverte-se Anésia Cambraia, que nos anos 1990 foi a rainha da noite de BH comandando o Bar Nacional, entre outras casas.
• • •
O espaço, que funcionava na Avenida do Contorno, no Barro Preto, foi palco não só da musa de “Garota nacional”, mas de shows e festas que marcaram a noite dos anos 1990 em Belo Horizonte. Anésia não sabe exatamente o que a fez alugar “aquele galpão enorme” para montar o espaço. “Como sempre gostei de música, minha certeza era de que eu queria uma casa com palco bacana”, recorda. Não satisfeita, dois anos depois decidiu concorrer com ela mesma: do outro lado da Contorno, montou o Circuito Circo Bar. “Sempre gostei de circo, decidi colocar uma lona ali. Depois iria atrás dos problemas”, comenta.
• • •
Problemas e dificuldades que nem de longe se comparam aos vividos por quem empreende na noite desde antes da pandemia. Anésia tentou reeditar o Bar Nacional, onde funcionaram as salas de cinema do Usina. Conta que chegou a mobiliar dois lounges, boate e o espaço de show, que ocupariam as quatro salas. “Foi ali que eu fali”, recorda, dizendo que apesar de toda a documentação correta, não conseguiu abrir a casa. “Desisti. Hoje, diante das dificuldades, tenho dó de quem investe na noite”, afirma Anésia Cambraia.
CARTOGRAFIAS
ON-LINE
O Grupo Contemporâneo de Dança Livre está de volta com o espetáculo de improvisação “Cartografias”, de 18 a 20 de março, no canal da companhia no YouTube. Serão quatro apresentações construídas a partir da investigação de novas formas de territorialidade, de intercâmbios a distância entre os artistas convidados e do trabalho com poemas de mulheres indígenas latino-americanas. O espetáculo conta com 17 artistas de cinco países – Brasil, Costa Rica, Colômbia, México e Peru. A trilha sonora original é assinada pela argentina Sofi Álvarez.
CORTEJO CÊNICO
SUASSUNA E ARTE MODERNA
Dois cortejos marcam a programação do CCBB, que ocupa aquele prédio lindo da Praça da Liberdade. Às sextas-feiras, até 4 de março, sempre às 18h, trupe mambembe inspirada na commedia dell'arte, no cordel e em artistas de rua chega ao espaço com muita música, poesia e mamulengos para contar histórias dos memoráveis personagens de Ariano Suassuna, homenageado na mostra “Movimento Armorial 50 anos”. De carona, no centenário da Semana de Arte Moderna, o cortejo cênico “22: A semana que durou 100 anos” faz performance sábado, a partir das 17h30. Evocando as mulheres que fizeram o movimento modernista acontecer, como Anita Malfatti, Pagu e a mineira Zina Aita, artistas-educadores vão caminhar pelos corredores do CCBB mostrando que os ideais da Semana seguem vivos até hoje.