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Estado de Minas 'NOVO NORMAL'

Professora Camila Maciel Mantovani revela o que a pandemia lhe ensinou

'Parei de achar que poderia salvar o mundo', afirma a convidada deste sábado da seção 'Vivendo e aprendendo', publicada pela coluna HIT


04/09/2021 04:00 - atualizado 06/09/2021 16:53

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Camila Maciel C.A. Mantovani
Professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG

A capacidade de aprender é uma das principais vantagens evolutivas não só da espécie humana, mas também de outros animais. A aprendizagem melhora a adaptação do indivíduo a um ambiente, o que amplia suas chances de sobrevivência e, por conseguinte, de preservação da espécie. Mas, se aprender é algo tão inerente à espécie humana, por que ainda encontramos tantos desafios nesses processos?

O fato de essa característica estar em nosso DNA não significa que aprender seja algo simples. Entre os inúmeros fatores que favorecem a aprendizagem, a motivação desempenha um papel crucial. É preciso querer, ter o desejo, mobilizar intelecto e emoção num processo, muitas vezes, desgastante e que não nos entrega resultados imediatos. Ou seja, aprender também se torna um compromisso que fazemos com o futuro. E como tem sido difícil imaginar o futuro num mundo marcado por tanta desesperança.

Nas primeiras semanas da quarentena, senti um cansaço enorme. Queria dormir, ficar na cama. Ações cotidianas como limpar a casa, preparar o almoço, não me pareciam necessárias. Queria deixar a vida correr num modo lento, vagaroso. Queria distância daquela rotina corrida de horários apertados, compromissos e prazos. No entanto, essa imobilidade forçada fez despertar movimentos internos e eu percebi que havia me esquecido de uma regra de ouro do “voo seguro”: coloque a máscara de oxigênio primeiro em você para, então, ajudar quem está por perto.

Nos últimos tempos, tenho me deparado com textos que reforçam essa necessidade do autocuidado, da importância de você separar um tempo para si, de estar atenta às suas necessidades e de, principalmente, reconhecer que é possível falhar e não há nenhum problema nisso. Estar bem o tempo todo é ilusão, achar que a gente dá conta de ajudar os outros, quando se está em frangalhos, além de também ser ilusão, pode representar uma fuga de si mesmo.

Quarentei na quarentena e todos esses acontecimentos, o Brasil que me obriga a ..... (complete a frase), fizeram com que eu me desapegasse de um certo idealismo ingênuo: parei de achar que poderia “salvar” o mundo.
Hoje, acho que posso – com bons amigos, vinho, terapia e vacina –, pelo menos, me salvar. Busco fazer a minha parte, assumo minhas responsabilidades, mas não quero e nem posso carregar em mim o peso do mundo. O que antes a mim me parecia ser uma postura altruísta e até digna de admiração, agora sei que não passa de pura arrogância. Quem sou eu para me achar tanto?

A pandemia me trouxe a oportunidade de conhecer uma pessoa que andava muito sumida: eu mesma. Em muitos momentos, fiz o exercício de me olhar no espelho. Fiquei, encarei, não desviei o olhar. Permaneci assim até chegar aquela sensação de estranhamento. Quem me olha? Sou eu? “Decifra-me ou te devoro”, o espelho me respondeu.

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