Rodrigo Cezário
Consultor de moda
Com a pandemia, aprendi que não adianta correr quando tudo está parado. Que se vive um dia de cada vez e que a chave para a mudança de comportamento só se abre do lado de dentro.
Aprendi a me escutar, a sentir meu coração, abraçar a minha alma e aceitar a minha realidade de forma digna. Que a gente nunca deve se afastar do amor da nossa família, por mais diferente que você seja de todos. Que o desejo do outro é importante no relacionamento, mas não é tudo. Devemos expressar a nossa verdade mesmo que ela incomode o outro.
Aprendi também que tenho mais amigos na minha jornada do que eu imaginava e que preciso estar mais conectado.
Aprendi a ter consciência de classe e a me orgulhar da minha história. Ao resgatar minhas raízes, descobri uma herança cultural muito rica que estava adormecida.
Depois de 15 anos praticando hatha yoga e incorporá-la à minha rotina, comecei a praticar kundaline yoga, que tem filosofia própria e tem me ajudado no tratamento da ansiedade. Também descobri as tecnologias da kaballah, que mostram uma outra forma de ver o mundo.
Ao me mudar para o campo, também aprendi muitas coisas: fazer herbário, desidratar flores, cultivar hortaliças orgânicas e criar galinhas. Entender os ciclos da terra e como o clima interfere no plantio e na colheita. Quais são os alimentos de cada estação e os perenes. O passo a passo para produzir uma cerca de bambu.
Aprendi a ficar bem, sozinho, e a apreciar os momentos de solitude. A ouvir meu corpo e entender quando é hora de deitar e levantar de acordo com meu próprio ritmo. Descobri meu sistema de fome e saciedade.
Aprendi a valorizar a sabedoria das pessoas do campo, sua ancestralidade e a história por trás de cada objeto.
Não consigo mais viver longe da natureza e, no momento, não me vejo morando em uma cidade grande e barulhenta.
Com a tecnologia e o isolamento, aprendi a fazer lives, mediar salas no Clubhouse, paquerar on-line e fazer novos amigos de culturas diferentes.
Aprendi que posso usar a minha voz para militar pelos mais vulneráveis. Que os indígenas são povos que lutam todos os dias para não ser extintos e não ter sua cultura apagada da história.
Que morre um jovem negro a cada 25 minutos no Brasil, que o racismo no país é estrutural, que precisamos desconstruir conceitos diariamente e estudar mais
sobre o assunto.
Ao mergulhar internamente e trazer novos ares para dentro, entendi que o sentido da vida está no sentir. Ser como sou pode provocar sentimentos bons nos outros, pois minha trajetória, as minhas palavras e vivências servem de exemplo de possibilidades para o próximo.
Aprendizado importante: O SUS É PARA TODOS!