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Estado de Minas COLUNA HIT/VIVENDO E APRENDENDO

Enfermeiro e defensor do SUS diz que a fé é o alicerce da vida

Ângelo Andrade Pereira, que enfrentou graves problemas de saúde ao longo de seus 40 anos, conta que sua missão é ajudar o próximo nas salas de hospital


06/06/2021 04:00 - atualizado 04/06/2021 19:32

Ângelo Andrade Pereira
Enfermeiro

Tenho 40 anos, nasci em Vitória da Conquista, na Bahia. Venho relatar um pouco da minha vida a vocês, caros leitores. Aos 6 anos, fui atropelado por um bêbado lá na Bahia e após inúmeras tentativas de recuperação da minha perna direita, minha mãe autorizou a amputação em prol da minha vida. Foram inúmeras cirurgias após a amputação, mas muitas mesmo!

De lá pra cá, vivi usando muletas, as minhas companheiras inseparáveis. Fazia judô, natação, jogava futebol. Fui uma criança ativa, pois minha mãe ensinou que eu havia perdido a perna, mas tinha “milhões de pernas na cabeça”.

O tempo foi passando e, aos17 anos, resolvi terminar segundo grau em Belo Horizonte, esta querida capital mineira. Larguei tudo na Bahia – conforto da família e amigos – em prol dos estudos. Passei na UFMG e me formei em enfermagem! Logo após formado e usando perna mecânica, já estava trabalhando em um hospital 100% SUS, salvando vidas numa sala de emergência. Salvei pessoas infartadas, pessoas com AVC, pessoas baleadas... Muitos plantões caóticos.

Em 2008, indo de férias para a Bahia visitar minha família, colidi meu carro com uma carreta na BR-381, perto de João Monlevade, a estrada conhecida como Rodovia da Morte. Mais uma vez, lutei pela vida. Transferido para o Hospital João XXIII, submeti-me a sete horas de cirurgia na mão direita, devido a uma complexa lesão dos tendões.

Não minto: às vezes, dá vontade de desistir, mas sei que tenho minha missão a cumprir neste planeta chamado Terra.

Após alguns anos na emergência adulta, resolvo encarar um novo desafio: cuidar de crianças na sala de emergência pediátrica. Aqueles seres tão pequenos e inocentes, com a mais pura alma, necessitando de cuidados em momentos de tanto sofrimento.

E lá se foram quase 15 anos vivendo a realidade nua e crua do SUS – sistema de saúde com inúmeros problemas, mas que, mesmo assim, consegue salvar muitos brasileiros.

Em 2019, fui agraciado com o maior presente que a vida me deu: o nascimento da minha filha Gabriela, uma criança abençoada, muito amada, linda e feliz!

De repente, começam os burburinhos sobre a pandemia. Passamos a viver este caos político e da saúde. E lá estava eu na linha de frente do combate ao coronavírus, com muitas inseguranças e medos. Como proteger a minha família trabalhando com possíveis pacientes contaminados da COVID-19? Esse é um dos questionamentos que faço diariamente. Haja saúde mental!

Mesmo assim, sem conhecer os efeitos da vacina, fui voluntário da pesquisa para o desenvolvimento da Coronavac em prol da cura coletiva e da ciência.


Tentando sobreviver nesta pandemia, fiz exames rotineiros. De repente, descubro um tumor gigante na glândula suprarrenal. Meu mundo desabou!!! Novamente, lá estava eu lutando pela vida. Quanto sofrimento, quanta dor, quanto medo de morrer e deixar a minha filha, a minha família.

No início de março deste ano, fui submetido à cirurgia para a retirada do tumor. Benigno, com as bênçãos de Deus. E estou aqui, escrevendo a vocês.

Perguntam-me o que aprendi com a pandemia. Respondo: aprendi que devemos valorizar a nossa vida e todos os momentos ao lado de nossos entes queridos. Tenham sempre fé, pois ela é o nosso alicerce de vida!

Grande abraço afetuoso,

Ângelo

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