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Pampulha Iate Clube comemora 60 anos de fundação, mas sem festa

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O Pampulha Iate Clube comemora amanhã (26/1) 60 anos de fundação. Mas nada de festa. Pelo menos enquanto durar a pandemia. A data será lembrada com mensagens de feliz aniversário que serão postadas nas redes sociais do clube. A programação comemorativa só será colocada em prática quando as coisas melhorarem. 



"Os sócios estão com saudades do PIC e nós, deles", diz o presidente do clube, Wilson Alvarenga de Oliveira Filho. O cancelamento da festa dos 60 anos não foi a única consequência da pandemia, e o PIC não é o único afetado pela crise sanitária. Alvarenga Filho reconhece que os clubes, de modo geral, foram impactados pela perda de receitas com as restrições impostas, como a suspensão de eventos, por exemplo.

Mas, por outro lado, segundo ele, apesar das dificuldades financeiras que as famílias estão enfrentando, elas conseguiram enxergar que o clube é a segunda casa, é lazer, é saúde, é diversão, é socialização. 

"Diferentemente do que muitos pensavam no passado, as estruturas de lazer dos condomínios não substituíram o que os clubes de lazer oferecem. As pessoas voltaram os olhos para os clubes como importante gerador de qualidade de vida, sobretudo o PIC, que tem a maior área verde em termos de clube da capital e um dos mais completos parques esportivos do país."



O retorno à programação normal de um clube só virá a partir da imunização. "O temor por parte das pessoas de frequentar locais públicos existe. Mas tudo isso vai passar com a vacina e voltaremos a oferecer tudo aquilo que as pessoas esperam de um clube como o PIC."
 
O atual presidente do Pampulha Iate Clube, Wilson Alvarenga de Oliveira Filho (foto: Acervo Pic/Divulgação)
 

Wilson Alvarenga de Oliveira Filho/presidente do Pampulha Iate Clube

Como a pandemia afetou as comemorações dos 60 anos do PIC?
Desde o ano passado, a diretoria vem elaborando uma programação diversificada à altura das tradições do PIC, que se iniciaria agora, em janeiro. Mas, em função da pandemia, e agora com o fechamento do clube, tivemos que aguardar. Tudo isso prejudicou e muito o objetivo de fazer uma festa grandiosa. Mas estamos na expectativa de que, logo após a vacina, as coisas voltem um pouco ao normal, para que possamos realizar uma série de eventos ao longo de todo o ano de 2021.
 
Quais os desafios que vocês estão enfrentando desde março do ano passado para manter o clube?
Com o fechamento do clube em 20 de março de 2020, o PIC enfrentou muitas dificuldades. Estávamos prevendo um déficit exorbitante, mas, com muito esforço e trabalho de toda a diretoria, conseguimos fechar o exercício de 2020 com um superávit acima das expectativas. Durante todo o fechamento, que durou cerca de cinco meses, nós nos reuníamos de duas a três vezes por semana, de forma on-line, com discussões que duravam cerca de três horas, em busca de alternativas para que o PIC passasse por toda essa turbulência da melhor forma possível. Procuramos analisar todas as despesas que poderiam ser cortadas, readequamos o quadro de funcionários, utilizamos os incentivos do governo, como a suspensão de contratos e a redução de jornada, e assim atravessamos 2020 sem precedentes na nossa história. Foi um ano muito difícil, em que perdemos muitos sócios, tivemos uma alta taxa de inadimplência, perdemos várias receitas, como academia, bar, restaurante, escolinhas e locações. 



Tomamos também medidas impactantes. Ao reabrir o clube, em setembro, encerramos a campanha de cessão de uso e colocamos preço nas cotas e títulos. O resultado foi surpreendente. Valorizamos ainda mais o clube e, com isso, temos vendido várias cotas e títulos. Muitos sócios que saíram no ano passado acabaram retornando ao quadro social. Hoje podemos dizer que estamos em uma situação, em termos de número de associados, melhor que antes da pandemia.
 
Sua gestão, que começou em 2018, está chegando ao fim. Como o senhor recebeu o clube, como vai entregá-lo para o próximo presidente e qual o reflexo da pandemia para o futuro do PIC?
Ao assumir a presidência, em 2018, já tendo atuado como vice-presidente em gestões anteriores, encontrei o clube muito organizado. Mas cada um que assume imprime a sua marca, e foi o que fiz. Ao assumir, incrementei o setor de eventos, que elaborou uma programação inédita e ampla para todas as idades, em todos os fins de semana. 

Investi no setor de comunicação, que ampliou sua atuação. Adquiri um moderno software de gestão de clubes, que dinamizou todos os processos internos e modernizou o sistema de acesso por meio da biometria. 



Tenho a certeza de que, ao transferir o mandato para o próximo presidente, em maio de 2022, ele vai encontrar o PIC impecável em termos de obras e manutenção e vai ter a oportunidade de dar prosseguimento ao que realizamos. Aliás, esse é um fator importante no clube. Por tradição, no PIC nunca houve disputa de chapas. Em geral, existe um consenso na indicação do nome do futuro candidato, que passa pelo Conselho Consultivo, formado pelos ex-presidentes, e pelo Conselho Deliberativo. Na sequência, os sócios votam. Isso tem sido sinônimo de sucesso, porque não existe oposição e, sim, a continuidade de um trabalho que é realizado com muito amor e dedicação ao clube. Por tudo isso, o PIC é, a cada dia, maior e melhor.
 
Niemeyer, Burle Marx e Portinari estão ligados diretamente ao PIC. Como o clube preserva todas essas obras?
Os jardins de Burle Marx são mantidos conforme o projeto original. Temos atenção redobrada com os jardins e, nesta pandemia, foram alvo de cuidados especiais, para que fiquem como estão agora, belíssimos e de encher os olhos. Além de profissionais especializados terceirizados, temos uma equipe de jardinagem de primeira linha no próprio clube. 

A arquitetura de Niemeyer, em especial o salão de festas e a pérgula, também estão passando por intervenções nas lajes de concreto aparente, marca do artista, em virtude das chuvas. 

Já o painel Peixes, de Cândido Portinari, foi restaurado na gestão do ex-presidente Evandro Veiga Negrão de Lima. A obra está impecável e é um dos belos cartões-postais da sede. O PIC é tombado pelo patrimônio histórico, e as obras desses três grandes mestres fazem parte da história da nossa capital e do país. Temos que cuidar e preservar.



As atividades físicas também sofreram com a pandemia. Qual o futuro da academia, tanto do PIC Cidade quanto da Pampulha?
As academias sofreram um grande impacto com a pandemia e nas academias do PIC não foi diferente. Perdemos vários alunos, tivemos uma queda acentuada. Sofremos também com a concorrência de outras academias do entorno. Mas seguimos firmes e as academias do clube continuam prontas para receber os alunos de volta, assim que for possível reabrir. Vamos mantê-las, sem dúvida.
 
Como foi a participação dos associados durante os primeiros meses da pandemia, quando o clube ficou fechado, e agora que está fechado novamente?
Durante a pandemia, sofremos um grande impacto financeiro com a saída de associados e o alto índice de inadimplência, em torno de 25%. Além disso, perdemos as receitas extras e tivemos que conceder descontos de 15% para todos os associados, para que pudessem manter o condomínio em dia, mesmo com o clube fechado. 

Ressalte-se que o condomínio do PIC não é reajustado há mais de quatro anos. Muitos associados permaneceram fiéis até o fim e nos ajudaram muito. Para premiar os sócios adimplentes, realizamos sorteios de cerca de 250 prêmios, durante cinco meses consecutivos. Essa foi uma forma de retribuir a fidelidade e parceria. 

No meio de tudo isso, cancelamos vários projetos, o maior deles foi a festa junina, que teria o cantor Luan Santana como atração principal. Na sequência, vieram o cancelamento do réveillon 2020/2021 e de vários eventos menores.