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O desafio da pandemia é encarar a fragilidade, a efemeridade da vida

Na seção 'Vivendo e aprendendo' da Coluna Hit, o cenotécnico Helvécio Alves Isabel conta como lidou com a ameaça da COVID-19


23/01/2021 04:00

Helvécio Alves Izabel
Cenotécnico


Como um homem de mais de 60 anos sempre presente em uma rotina de trabalho com desgaste físico e mental – porém frutífero e engrandecedor –, me via dignificado por todas as minhas ocupações. Porém, a pandemia trouxe, além de sua devastação, a inquietação do tempo para quem, como eu, sempre se mantia ocupado.

Esse tempo ocioso certamente não era bem-vindo para quem, há mais de 20, anos tinha como principal ocupação o labor, e o aprendizado só começou realmente após um longo processo de luto. Trabalhar com arte me trouxe experiências incríveis e fechar esse ciclo me deixava vulnerável. Eu nunca deixaria de trabalhar, ao longo dos anos já tinha feito do meu ofício uma profissão e meu ganha-pão. Mas algo em mim ainda estava desconectado.

A realidade é que a pandemia também cria um senso de urgência. A ideia de que temos que continuar vivendo, sobrevivendo e alimentando a nós e aos nossos exige reinvenção, exige autocuidado, exige precaução extra, exige coleta de informações (sempre checando as fontes), para, enfim, poder exercer algum trabalho.

Tive que me tornar um ser mais ritualista, garantir os protocolos de segurança, se tornaram um hábito, além de sempre atualizar as informações à medida que iam chegando. Não apenas cuidados físicos – manter uma rotina de cuidados mental, espiritual e social se tornou necessário na tentativa de lidar com as dificuldades que apareciam a cada momento.

O pânico inicial da infecção do vírus e suas consequências trágicas me atingiram de forma inesperada. Fui obrigado a encarar minhas fragilidades, encarar a idade, a efemeridade da vida. Aprendi que, mesmo consciente de meus dogmas religiosos e conectado à minha espiritualidade, minha humanidade se apegava ao meu corpo físico na Terra em tamanha crise. E que isso me dava oportunidade para evoluir ainda mais em meu caminho, valorizar ainda mais minha jornada, sem perder minha conexão com o eterno.

Acredito que o que mais exercitei na pandemia foi o autoconhecimento. Aprendi a necessidade do ócio, da calma, da autoavaliação. Aprendi quanto vale uma pausa, a convivência maior com a família, com os animais de estimação, com o trabalho voluntário, cujas demandas aumentaram tanto. Aprendi coisas que achei que já sabia, conversei com pessoas com quem achei que nunca conversaria.

Aprendi que, cada vez mais, temos de estender a mão às comunidades invisíveis, que acabam sendo mais afetadas, que temos de nos conscientizar acerca do nosso consumo. Da nossa produção e descarte de detritos e da constante necessidade de união da comunidade para superar momentos como este. Pois a única coisa que sabemos é que, em algum momento, tudo isso irá passar.

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