Hoje, faz 103 dias que tudo isso começou.
Tem sido estranho, triste, preocupante, mas, ao mesmo tempo, interessante, reflexivo e, por que não dizer feliz, uma vez que temos nos dedicado tanto à família ou àqueles que amamos.
Um momento de dedicação, imersão, uma certa solidão necessária e profunda.
Um momento de olhar para aqueles que necessitam não só de amor, mas também de atenção, de cuidados.
Um sentimento de solidariedade absurda tomou conta de muitos. Um momento de “união separada”.
São dias de aconchego em família. Momentos em que podemos desfrutar de uma certa felicidade, mas uma felicidade estranha, com um pouco de culpa, de peso.
Ao mesmo tempo em que passeamos de bicicleta, subimos em árvores, fazemos piquenique e nos damos as mãos, lá no fundo sentimos uma dorzinha pelos outros, pelas vidas que se vão, pelas que ficam.
Um momento de sermos “paisfessores”, de ensinarmos tantas coisas aos nossos filhos. E não são eles que estão nos ensinando muito mais?
É isso!
Uma paz que não é paz. Uma tranquilidade intranquila. Noites de sono, embora as mais silenciosas que tenho dormido, talvez as mais agitadas. Aquelas onde os sonhos fazem muito barulho...
O resumo da quarentena é isto: autoconhecimento, amor, união, família, solidariedade, reflexão, preocupação, atitude.
Tenho certeza de que isso tudo vai passar e o maior clichê desta quarentena será a maior verdade: seremos mais fortes. Diferentes e melhores como seres humanos.
Os dias em que “seremos para sempre” talvez não vão chegar. Mas os dias em que “seremos melhores”
já chegaram.