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A gincana da sobrevivência

No 'Diário da quarentena', a atriz Flávia Fernandes aborda a nova relação com o tempo imposta pelo isolamento social


postado em 20/06/2020 04:00

Diário da quarentena

Tempo pra quê?

Flávia Fernandes
Atriz

"A luz do home office começa a me cansar. Acendo a luminária. Já é noite"

Flávia Fernandes Atriz


Sinceramente, eu não gosto dos que fazem ginástica, dos que conseguem manter a alimentação saudável, dos que meditam e postam em suas redes sociais que sairemos melhores dessa.

Acho um saco! Cambada de saco! 

Me sinto o cocô do cavalo do bandido. Um verdadeiro bosta.

Durmo e tento dormir mais, dormir um pouco.

Acordo e cumpro meus 15 minutos de yoga e prospero. Um começo de rotina.

Café.

Respondo um e-mail, enquanto asso um bolo.

Entre uma tragada e uma cagada, confiro se a câmera e o microfone do zoom estão desligados.

O almoço que não sai antes das 14h. Por nada neste mundo! Nem mesmo se o despertador tocar às seis da manhã.

Às 14h, meu bem, uma cerveja antes do almoço, que é pra pensar melhor.

Reunião. E-mail que vai, e-mail que volta.

Como um pacote de biscoito doce. Uma bola, uma hora, nada de trégua.

Café. Muito café.

Da minha janela escuto o vizinho, que, religiosamente, ouve Ave Maria às 18h.

Pra mim, vídeo que tem que subir, edital pra preencher.

A luz do home office começa a me cansar. Acendo a luminária. Já é noite.

Uma cerveja e concentro no trabalho.

Na minha lista de pendências de hoje, cortei dois itens e acrescentei cinco.

Respiro.

Amanhã é dia de ir ao supermercado. Saco! Resolvo ir três vezes na semana, comprar menos volumes, esterilizar menos coisas, ganhar tempo pra trabalhar. Ganhar tempo pra viver. Ganhar tempo. Como se fosse uma gincana da sobrevivência.

Amanhã já tenho almoço. O de hoje será o de amanhã, assim ganho tempo.

Tempo. Pra quê?

Tomo banho, desisto de comer.

Me convenço de que fiz o que podia fazer e que amanhã será um novo dia.

Não garanto a yoga.

Ah! E não me chamem pra reunião no Meet às 19h. Já estarei bêbado, doido e, certamente, na manhã seguinte não me lembrarei de quase nada. Assim, bebo pra garantir a boa noite de sono. O que nem sempre acontece. Posso acordar sem querer sair da cama e não haverá live que me faça levantar.

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