. 16 DE MARÇO, 9H
Acabamos de desembarcar em Santos. Foi o último show, um cruzeiro no litoral do Sudeste. Pegamos um voo em São Paulo rumo a Confins. Estaríamos indo para Paris. Início da tour na Europa. Vinte dias, oito shows. Tudo cancelado na semana anterior. Obra de uma tal COVID-19. Desembarcamos em Confins. Agora começa outra viagem. Desta vez até a capital mineira...
. 16 DE MARÇO, 15H05
Primeiro minuto da quarentena. No primeiro momento, a mistura de alívio, por estar em casa com a família, e, ao mesmo tempo, um certo vazio... Estranho. Afinal de contas, de que se trata isso? Quanto tempo? O que faremos? Para onde iremos?
Para temperar o humor, o clima era sombrio. Nublado, com chuva. Nada estranho para um ano de chuvas trágicas em BH.
Chove chuva, chove sem parar
A primeira semana se foi.
O pulso ainda pulsa
Os memes explodem, o negócio agora é achatar a curva. No ímpeto de entender, acabo mais confuso…
Acho que a televisão me deixou muito
burro demais
Trinta dias se passaram.
O tempo não para
A mente entende, mas não atende...
O sol surge. Nada como os dias de outono na capital, a melhor época do ano.
já perdi 2,5kg, acredita?
Descobri que temos um despertador em casa, chama-se Theo. Nunca falha. Às 8h30 em ponto.
. 12 DE MAIO!
Feliz aniversário, envelheço na cidade
Já revi O poderoso chefão. Descobri onde as xícaras ficam. Aguardando a live da nova dupla, Cloroquina & Lockdown. Cansei dos ativistas do apocalipse.
Porcina comanda, Malu não teve chance. Um ministro caiu.
Me pergunto quem inventou o tal “crise é oportunidade”. Sendo assim, “o Brasil não perde uma oportunidade de perder oportunidades”. É rir pra não chorar.
Sessenta dias se vão.
Que país é este?
Pandemônio na pandemia. A corte ruidosa escancara seu caráter.
Já perdi 4,5kg. Especialistas dirão que é algum distúrbio.
Os gurus do “novo normal” me dão preguiça.
A essa altura, uma live já é a minha novela.
Porcina caiu. Outro ministro caiu. Collor
pede desculpas...
Alguma coisa está fora da ordem
Ainda estamos achatando a curva.
A família vai bem.
Todos “quase” tranquilos, obrigado.