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'Diário da quarentena' chega hoje à sua 60ª edição

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Minha mesa mudou. O tamanho, acredito, deve ser o mesmo daquela que ficou no prédio da Redação, na Getúlio Vargas. Os badulaques são diferentes, em menor quantidade, mas estão aqui. Uma caixa com dezenas de canetas, uma agenda, um caderno e um porta-lápis. A bagunça de papéis é quase a mesma da bancada da redação. Mas que fique claro: bagunça organizada. Papéis avulsos na gaveta e dois blocos, que vieram comigo da redação para o home office, são essenciais para não me perder entre os mais de
60 nomes que contribuíram, até agora, com o Diário da quarentena.


Foi Gustavo Greco quem sugeriu, logo depois de aceitar o convite para escrever um texto, que as páginas do Diário ganhassem versão em vídeo nas redes sociais. Achei superlegal dar “voz” aos textos, topei na hora. Só que a execução da ideia não seria tão simples. O charme da brincadeira é dar o texto de um para o outro gravar. Este, por sua vez, seria o próximo a relatar suas próprias histórias de isolamento social. Para que nada saia da ordem, é necessário coordenar com muita atenção. Até faço tabelas no computador, mas é no papel, no rabisco do lápis, que elas funcionam melhor. Às vezes, parece que estou convivendo com uma multidão, o que não é nada ruim nestes tempos de isolamento social.

O Diário da quarentena nasceu num estalar de dedos, durante a reunião com a editora deste caderno, Silvana Arantes. No meu último encontro com a equipe do EM*Cultura, a sensação era de despedida. Muito estranho. Fiz o primeiro texto e decidi: dali em diante, convidaria pessoas das mais variadas áreas. Jamais imaginei que a mudança radical causada pelo coronavírus levaria, de certa forma, a agitação da Redação para onde agora está meu escritório, na casa de minha mãe, em Sete Lagoas.

Em frente ao computador, ligo o WhatsApp, recebo as cobranças da colega Ângela Faria (uma  editoria sem ela não tem a menor graça) e começo a procura por colaboradores, meus autores favoritos. O contato com a maioria deles se dá rapidamente, mas quando fechamos o capítulo, a saudade bate forte. Seguimos. Eu, sozinho em busca de novos autores e suas histórias. Cada um em seu isolamento, continuamos separados por um vírus e, loucura das loucuras, unidos neste mundo virtual.


Quero meus beijos e abraços. Quero que nossas vidas voltem a ter a mesma cor e a beleza das ilustrações do Diário, criadas com tanta delicadeza e inspiração por Lelis e Quinho.
A saudade da rotina da editoria do EM*Cultura, que fica lá no fundo da Redação, é enorme. A meu favor nessa troca de endereço está a localização do meu novo “escritório”. Sentado ao computador, fico de costas para a janela que dá para o pequeno jardim, com roseiras e margaridas. O muro alto, na frente da casa, resguarda nossa privacidade. Alegria das alegrias, bandos de sabiás e maritacas sempre passam por aqui.
Nessa toada, continuo com o Diário, acreditando que ficar quietinho em casa será bom para mim, para você e para todos nós.