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Cândido Dam: 'Nunca trabalhei tanto em toda a minha vida'

No 'Diário de quarentena', ator conta como são os seus dias, em meio a brincadeiras com o filho mais velho e os cuidados com o caçula, nascido uma semana antes do início do isolamento social


postado em 05/05/2020 04:00

Diário da quarentena

Cândido Damm
Ator

Uma experiência nova e inusitada estar em casa o tempo todo, ainda mais logo após o nascimento de um filho. Minha licença-paternidade por conta do nascimento do meu segundo filho, Raul, há 50 dias, se estendeu e se estende por essa quarentena. Em meio ao susto e à tristeza de ver o mundo assim, consigo preservar a alegria enorme de ver meus filhos crescerem e se desenvolver sem dar pausa, um minuto após o outro, sem sair de perto – coisa rara nos dias de hoje, se as coisas estivessem no seu ritmo natural. 

Brincadeiras múltiplas
pra entreter meu primeiro filho, Noel, do alto de seus 2 anos e meio, com toda a demanda natural de um menino ativo, inteligente e cheio de energia, se fazem necessárias nessa convivência em casa, explicando, educando, curtindo tudo com muita atenção.

Raul veio ao mundo uma semana antes de declarada a pandemia. Não teve visitas, não foi ao parque e tampouco foi passear conosco em lugar algum. Foi ao médico, de táxi, a maior noia: entra, sai e volta pra casa. Vai ter história pra contar. Nós também.

O cansaço supremo, noites quase não dormidas, os dois pequenos se revezando na hora de dormir, eu e Angela acordados, observando e aguardando clarear mais um dia. Rotinas parecidas de brincadeiras e bagunças. Brincar de blocos, de trem, de massinha, ver desenho, montar cabana no quarto. Essas e muitas outras brincadeiras nos ocupam os dias, e também muitas fraldas, muito colinho (agora mesmo Raul chora de cólica no meu colo), muita conversa. A expectativa de, na distração, ganhar mais um sorriso do caçula. Fotos deles, muitas fotos. Absolutamente, nenhum lazer ou diversão só pra nós, casal.

Ouço falar de amigos e colegas se queixando da falta do que fazer, todo mundo exagerando na faxina, jogando quiz, vendo filmes e séries como nunca. Não consigo realizar isso na minha cabeça, por mais que tente, pois tenho a sensação de que nunca trabalhei tanto em toda a minha vida. Que seja essa a condição que caiu no meu colo de presente para abreviar esta pandemia sem dar tempo pro tédio, muito menos pra tristeza.

Uma esperança enorme, apesar dos pesares, de ver a vida melhorar depois disso tudo, para que Noel e Raul cresçam num mundo mais justo, mais decente, mais humano, menos autoritário, e transformado para o bem, sem tanto egoísmo e tantas diferenças entre as pessoas.

 

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