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Diretor de hospital de veteranos nos EUA, Eddie Anjos conta sua rotina

Depoimento do mineiro é mais um capítulo do 'Diário da quarentena', que há 39 dias acompanha o dia a dia do isolamento social de pessoas de vários setores


postado em 24/04/2020 04:00 / atualizado em 23/04/2020 19:35


Moro em Greenville, no estado de Ohio, a cerca de três horas do meu local de trabalho, em South Bend, no estado de Indiana. É uma distância relativa, mas desde a minha nomeação para o cargo de diretor de operações do hospital Saint Joseph Health Care Center, só vou para casa nos fins de semana. Com o aumento dos casos de coronavírus, há 45 dias, optei por alugar um quarto e permanecer aqui. Além de contribuir para minha concentração nas ações operacionais do hospital, que atende em média 170 veteranos de guerra por dia, essa decisão levou em conta o risco de infectar meu marido, Matt Guyette, com quem estou casado
há 22 anos.

Nós, da área de saúde, estamos na linha de frente do combate à pandemia, expostos ao vírus. Mas há 17 anos, desde o momento em que optei por trabalhar com a saúde dos veteranos, minha preocupação foi estar ao lado deles, que lutaram bravamente pela liberdade dos Estados Unidos, onde moro há 35 anos.

Converso com Matt diariamente após o trabalho, por meio de videochamada, o que ajuda um pouco. O contato com a família em Minas Gerais obedece à mesma rotina, uma vez por semana, sempre com muita preocupação com meus pais, irmãos e sobrinhos. Afinal, no Brasil vocês estão começando a viver o que para nós já é uma tragédia sem precedentes

O controle no hospital é rígido. Até agora, graças a Deus, apenas dois colegas foram para casa em quarentena. O resultado dos exames deu negativo. Sei que alguns de meus funcionários estão preocupados, mas ficaremos bem. Para fugir da pressão, adoto uma rotina que inclui a leitura de livros e ver filmes. O momento é difícil, mas vai passar.

No hospital, houve mudanças no gerenciamento do atendimento a pacientes. O Departamento de Assuntos de Veteranos, responsável pela marcação de consultas, optou por dar diagnóstico e acompanhar, por meio de videochamada, casos mais simples que não estejam ligados ao coronavírus. Aqui nos Estados Unidos, o cidadão pode recusar o atendimento virtual e comparecer ao hospital. Atendemos também pacientes com problemas de saúde mental. Por enquanto, só tivemos cinco casos brandos.

As pessoas costumam dizer que estamos em uma situação de guerra. Lutei com as forças americanas na Bósnia entre 1999 e 2000. Posso dizer: o que estamos vivendo, pelo menos aqui nos Estados Unidos, é muito pior do que a guerra, pois agora não vemos o inimigo. Por isso, acredito que o isolamento social deve ser mantido como uma forma de tentar driblar a pandemia.


Eddie Anjos
Diretor de Operações do Hospital 
Saint Joseph Health Care Center

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