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'Queremos o Enem para todos!'' avisa Anna Luiza Soares Guimarães

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Diário da quarentena  
Anna Luiza Soares Guimarães
estudante


De repente, a quarentena chegou e me pegou de surpresa. Eu, que estudo para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) há quatro anos e tenho apenas essa prova como porta de entrada para as universidades que almejo, senti medo. Um medo enorme do que aconteceria com a prova neste ano. Vão mudar a data? Como vou estudar tudo em casa? Quem vai sanar minhas dúvidas? Quem vai corrigir as minhas redações semanais? Será que terei de fazer outro ano de cursinho? Enfim, esse é o meu caso e o de muitos outros estudantes que tiveram as aulas suspensas.



Então, comecei a estudar reclusa em casa e vi um cenário que me surpreendeu bastante: a tecnologia e a internet. Elas vêm sendo as aliadas mais fortes neste momento. Tenho um bom computador, um bom celular e boa internet. Meus professores conseguiram manter as aulas on-line. Assisto às aulas por aplicativos e plataformas digitais. Além disso, os professores mantêm contato direto comigo e com a minha turma por meio de grupos no WhatsApp. Depois disso, vi que não ficaria desamparada até a quarentena acabar. Bola pra frente!

Tudo fluía bem até que os órgãos governamentais responsáveis pelo Enem divulgaram a data do exame. Para o desespero de muitos, mantiveram a mesma data prevista antes do surto do coronavírus. Estávamos há quase um mês estudando em casa e parece que não deram importância alguma a isso. O Instagram oficial do Inep (órgão que elabora o Enem) chegou a postar um vídeo dando algumas explicações – constrangedoras, a meu ver – sobre a data da prova e a relação dela com o atual cenário. Nesse vídeo, estão o ministro da Educação e o presidente do Inep, que disse coisas que me revoltaram. Ele se dirigiu aos estudantes com a seguinte frase: “Eu sei que o coronavírus atrapalha, mas atrapalha todo mundo. Como há uma competição, tá justo”.



Na minha opinião, não existe competição justa neste momento. Pensei em todos os estudantes que estão sem o apoio dos professores, como eu tenho, e não têm acesso à internet. Decidi arrecadar materiais didáticos físicos para entregar às pessoas sem suporte adequado para continuar os estudos. Uma amiga sugeriu que fizéssemos um Google Drive e materiais didáticos focados no Enem para serem usados por quem tem internet e pode ser beneficiado por eles. Dessa forma, a campanha ajuda quem está sem aula on-line e sem apoio. O drive ajuda os que têm internet.

Aos poucos, as pessoas tomaram conhecimento do projeto, muitos se dispuseram a doar e outros pediram materiais. Lancei a campanha em 1º de abril – hoje, 16 de abril, completei pouco mais de 500 materiais, entre livros, apostilas e coleções completas.



Muitas pessoas apoiaram a ideia de chegar aos alunos que mais precisam. Funciona da seguinte forma: quem entra em contato comigo pelo Instagram ou pelo Whatsapp oferece material. Eu busco as doações. As pessoas que querem o material também entram em contato pelas redes sociais. Os materiais são encaminhados de acordo com o interesse de cada estudante. Converso com um por um, mando as fotos do que tenho e deixo que escolham. Em seguida, faço um kit personalizado. Até hoje, foram 33 doações. Parece pouco diante dos 500 materiais, mas elas saem muito rápido. Já preciso repor o estoque (rsrs)...

Queremos o Enem para todos!