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Sérgio Pererê: 'A vida do artista independente é quase uma quarentena'

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Diário da quarentena  

Em busca de respostas

Sérgio Pererê
Músico

Gastei um bom tempo da minha quarentena tentando escolher o tema ou os temas a serem abordados no meu diário. Confesso: começo a escrever sem ter chegado a uma definição. 



Vou deixar aqui alguns sentimentos e pensamentos. Isso porque o que mais tenho feito nestes dias é pensar e sentir. Mas não digo pensar e sentir do modo automático como fazemos todo o tempo.

“Pensar pensando” e “sentir sentindo”. Ahh... é muito diferente do que estamos acostumados... É algo similar ao respirar direcionado da yoga e de outras práticas que têm a respiração como base. Não é respirar só pra não morrer, é perceber o movimento do ar entrando e saindo em ritmos variados.

Sobre o que tenho pensado:

O mundo propôs uma pausa e estamos todos preocupados (pré ocupados) em dar um jeito de aliviar o nosso próprio lado caso seja esse o Juízo Final. Queremos dar respostas e achar respostas. Sendo assim, acabamos por não ouvir o que o mundo e a vida estão tentando falar.

Tenho pensado que é motivo de grande honra estar vivo na Terra neste momento, pois, pra mim, 
é algo que se assemelha ao fim da Era do Gelo e à separação dos continentes ou à passagem dos grandes avatares pelo mundo.



Depois do quinto ou sexto dia de isolamento, me dei conta de que a vida de um artista brasileiro independente é quase uma quarentena... Muito tempo de treinamento solitário, muito tempo de busca interior, muito tempo elaborando a quatro paredes o que pretende dividir 
com o mundo.

A diferença agora é que todos são convidados a lidar com a sua solitude e seu interior... Isso me faz pensar que estamos todos unidos pela distância e pelo isolamento.
Sobre o que sinto:

A luz brota do meio da escuridão

e quando menos se espera, tudo é só luz.

Posso estar delirando, mas é exatamente o que 
sinto agora!