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Estado de Minas

No Diário da quarentena, Carol Rache fala das lições dos dias de caos

Os textos selecionados por Helvécio Carlos para a Coluna Hit também estão registrados em vídeo no Instagram do 'Estado de Minas'


postado em 21/03/2020 04:00


DIÁRIO DA QUARENTENA

Convite ao recolhimento

>> Por Carol Rache
EMPRESÁRIA

Ando refletindo sobre o medo. Observando, pensando. Me autovigiando.

Estou assustada, confesso.

Não tanto pelo vírus. Sei que já tivemos epidemias piores, sei que estamos fazendo o que está ao nosso alcance e sei que isso vai passar. Se vai deixar cicatrizes ou trazer cura, ainda não sei. Mas vai passar, porque, parafraseando Lulu, “então é assim que a vida faz, e sempre haverá um fim”. Ou sendo mais literal: “Tudo passa, tudo sempre passará.”

Mas assusta-me constatar a forma como somos manipulados pelo medo.

A forma como o medo nos une e move de maneira tão mais evidente do que o amor.

Assusta-me, também, perceber que as pessoas estão sedentas por projeção.

O corona deu aval para muita ansiedade interna se manifestar.

Vale refletir: ele criou essa ansiedade dentro de alguém ou foi um gatilho que deu permissão e ressonância para algo que já era nosso?

Arrisco dizer, ainda, que o que mais me choca é a forma evidente como a vida está implorando por uma reflexão bem mais profunda do que “como lavar as mãos” ou “como aumentar a imunidade”.

E a maioria de nós simplesmente não está disponível para perceber.

Gosto de pensar que todo desafio carrega uma possibilidade de cura.

Desafios coletivos, portanto, sugerem curas coletivas.

Será que vai acontecer?

Me pergunto se a quarentena vai ser apenas para arrumar os armários ou se servirá para reorganizar a essência.

Me pergunto se a solidão vai tomar conta, se nos ocuparemos somente de inventar distrações. Ou será que vamos usufruir da habilidade de estar em paz com a nossa própria companhia?

Me pergunto se o celular, que nestes dias de reclusão tem o poder de nos aproximar, não vai, em última instância, nos roubar de nós mesmos – mais do que já faz, em tempos comuns.

Como ler o que está por trás do caos? Existe um chamado coletivo, eu sei.

Na verdade, suspeito que a vida vem sussurrando, há muito tempo, sugerindo esse encontro com nós mesmos. Nós, distraídos demais, não escutamos. Ocupados demais, deixamos os sinais passarem. E, quando tapamos os ouvidos, a vida precisa gritar.

Aí está ela, berrando. E nós, o que faremos desta vez?

Eu não quero precisar de um chamado maior.

Não quero dispensar essa oportunidade de revisar meus cantos sombrios.

Mas confesso: já se foram alguns dias, e até agora não sei se estou mais conectada com a minha essência ou com o meu Instagram.

Cá está a humanidade, de novo, distorcendo as oportunidades.

Escrevo para lembrar a mim mesma que o convite é para o recolhimento.

Mas em nosso universo interior e não somente em nossas residências.

Façamos a nossa parte, e saibamos o que isso realmente significa.

Como você aí do outro lado vai fazer essa quarentena ser construtiva?

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