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Especialista em pesquisa e análise de tendências, Tiago Belotte defende desintoxicação digital


postado em 01/01/2020 04:00 / atualizado em 31/12/2019 18:04

(foto: Camila Rocha/Divulgação)
(foto: Camila Rocha/Divulgação)

 

“Nunca estamos inteiros 

no que fazemos”

 

Esqueçam todas aquelas promessas que fazemos no primeiro dia do ano. Até porque, adianta seguir uma dieta mágica ou frequentar academia com regularidade se o nosso maior problema é a dependência na internet? Redes sociais, então, nem se fala. Tiago Belotte, criador do Coolhow, laboratório de conteúdo criativo, estabeleceu um desafio aos amigos: sugeriu a eles que fizesse um detox digital. “Foi uma das coisas mais importantes que fiz em 2019”, reconhece. “Contei isso em almoço de família e três pessoas se animaram a começar no ano novo”, escreveu ele, no stories de seu Instagram.

 

Tiago descobriu o detox digital em uma loja de museu em Lisboa onde estava em viagem a trabalho. “Gostei da proposta, porque combinou exatamente com o que eu estava buscando e não sabia como fazer.O kit se chama Stop tech addiction e é do estúdio Doiy Design. É uma caixa com 21 cartas, uma para cada dia. Elas contêm orientações do que fazer para diminuir a presença da tecnologia na sua vida”, conta.Tiago foi persistente e seguiu à risca todos os passos do Detox, mas reconhece que os primeiros dias foram os mais difíceis. “A vontade de pegar o celular era grande. Mas, com o tempo, vai ficando melhor. A grande proposta do kit é desconstruir um hábito, por isso os 21 dias”. 

 

Qual sua relação com uso da tecnologia? 

Eu uso tecnologia no meu trabalho, não só como instrumento, mas também porque, como curador de conhecimento para inovação e professor de pesquisa de tendências, preciso acompanhar as novas tecnologias e como elas têm afetado nosso comportamento. Em 2019, percebi que estava me dedicando muito tempo ao uso do smartphone e isso começou a me incomodar. Foi daí que veio a ideia de me policiar mais.


Claro que tecnologia tem importância e um lado bom. Mas o uso excessivo revela outro lado. Quais são os sintomas que revelam que é hora de desacelerar?

As principais diferenças que notei foram: uma diminuição significativa da ansiedade – eu achava que estava ansioso por causa do trabalho, mas descobri que a maior parte da ansiedade vinha do uso frequente das redes sociais.Mais tempo para outras atividades como leitura e mais presença. Há momentos em que você está com outras pessoas, mas acaba sendo atraído pelas notificações e pela vontade de conferir as redes sociais. Daí, nunca estamos inteiros no que estamos fazendo.

 

Um dos grandes problemas com o excesso é o desinteresse das pessoas pela leitura de livros, por exemplo. Como você vê a formação cultural dessa geração que está conectada?

Gosto, primeiro, de pensar que a tecnologia é uma grande facilitadora para várias coisas, inclusive para a difusão e o acesso à cultura. O nosso grande problema, na minha opinião, é a falta de consciência de como estamos usando. Esse foi um dos grandes ganhos que tive com o detox. Como precisava policiar o tempo de uso, comecei a ficar vigilante sobre o que acessava e o que fazia durante o tempo que tinha. E percebi que boa parte do tempo era gasta com coisas que poderia evitar.Estamos na era da atenção, que eu gosto de chamar de era de desatenção. As marcas e as mídias brigam por nosso tempo. Fundamental é termos essa noção e gastarmos nosso tempo no que realmente queremos, incluindo a cultura, tão importante para nossa identidade.

 

Para os pais, os tabletes viraram salvação para entreter os filhos. Levou ao restaurante, a criança não fica quieta, é só dar um celular e pronto. Mas como você vê essa relação de crianças com esses aparelhos?

Tenho uma filha de 3 anos. Minha esposa é especialista em educação infantil e eu trabalho com educação criativa. Então, esse tema está nas minhas discussões do dia a dia. Daí, uma das coisas que conseguimos concluir é que o tempo para uso desses dispositivos por crianças precisa ser limitado mesmo. Porque a maioria das atividades nesses aparelhos mantém a criança numa posição passiva. E as crianças precisam brincar ativamente, construir, exercitar a imaginação.

 

Como as pessoas que não fazem parte do seu grupo de WhatsApp poderão conhecer suas análises sobre o tema?

Vou postar também no meu Instagram @tiago_belotte. Mas recomendo que sigam um perfil incrível no Instagram que fala muito sobre esse tema: @contente.vcE para quem ainda não quer começar o detox, vale fazer duas coisas simples:1 – toda vez que acessar uma mídia social, se perguntar qual o seu objetivo ali;

2 – deixar de seguir quem te desperta sentimentos negativos (essa limpeza precisa ser igual cortar unhas, sempre!)


As redes sociais já estão muito chatas. Parece que todo mundo está usando control C control V e repetindo tudo à sua volta. Qual sua avaliação sobre o futuro das redes sociais?

Ao que tudo indica, as mídias sociais estão caminhando para a lógica de comunidades. Grupos menores, compartilhando seus valores e interesses. Assim, acredito, teremos mais espaço para autenticidade e diálogo.

Precisamos nos lembrar que esse é um fenômeno recente. Então, por mais que queiramos pensar que já dominamos esse instrumento, no futuro seremos chamados de primitivos digitais. 

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