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Livro de Nora Vaz de Mello comemora os 30 anos do Ballet Movimento

Grupo marcou a história da dança mineira. Lançamento está marcado para sábado (26), às 19h, no foyer do Sesc Palladium, em BH


postado em 22/09/2019 04:00 / atualizado em 20/09/2019 13:53

 
(foto: Acervo Movimento)
(foto: Acervo Movimento)
As três décadas de fundação do Ballet Movimento serão comemoradas em outubro com o lançamento do livro Ballet Movimento 30 anos de dança, arte e cultura. Autora da obra, a bailarina Nora Vaz de Mello (foto) conta que a ideia de escrever o livro surgiu da necessidade de preservar a memória da escola e difundir a jornada por ela percorrida nas três décadas de existência.

“Falar do Ballet Movimento é falar também da minha história, por ter sido a fundadora, diretora artística, primeira professora e principal coreógrafa da companhia”, afirma. “Neste trabalho memorialístico, resgato a obra deixada pela instituição no campo artístico-educacional, que formou bailarinos e professores e possibilitou a sua participação como protagonistas na trajetória da escola. O livro do Ballet Movimento é, também, uma homenagem aos professores, alunos e seus pais e outros profissionais que contribuíram para o sucesso de cada espetáculo ou apresentação, aos jornalistas, como você, que apoiaram a escola e, ainda, aos amigos que tiveram envolvimento com as atividades do Ballet Movimento”, diz.

Nora começou o trabalho durante seu mestrado no Cefet/MG, iniciado em 2015. Ela conta que, para embasar o projeto de pesquisa do mestrado, desenvolveu um estudo teórico-metodológico para analisar o processo criativo da coreografia do espetáculo Terra Brasilis, da Companhia de Dança Movimento, pelo enfoque da crítica genética e viés da crítica de processo, que estuda a gênese de uma obra de arte pelos indícios encontrados nos registros materiais de sua criação.

Há dois anos, após defesa da dissertação, escrever sobre o Ballet Movimento se tornou uma prioridade para a bailarina. “Para recuperar a história da escola apliquei o conhecimento científico da crítica genética para fazer o levantamento de dados. Pelo estudo da gênese, reconstruí, com o material do acervo preservado, os diferentes momentos dessa história, com a intenção de classificá-los geneticamente, para que pudessem ser inventariados, mostrando como essa escola transitou no contexto cultural e artístico, não só no nosso município, mas também em outras cidades do Brasil e no exterior. Cada documento encontrado, fotografias de espetáculos, programas, críticas de jornais, reportagens, folders e depoimentos carregam em si as marcas de seus processos e contêm as ideias que orientaram a sua criação.”

A sessão de autógrafos está marcada para 26 de outubro (sábado), às 19h, no foyer do Sesc Palladium.
(foto: Ivan leste/Divulgação)
(foto: Ivan leste/Divulgação)

COM A PALAVRA...
NORA VAZ DE MELLO, coreógrafa
Vivemos um momento de grandes transformações. Em que ponto você acredita que a dança sinta e também se modifique com essas mudanças?
Dança e tecnologia se integram no mundo contemporâneo. A tecnologia digital invade a nossa vida. Até algum tempo atrás, um coreógrafo, para montar um ballet de repertório, precisaria conhecer todas as sequências coreográficas daquela obra. Hoje, por meio da internet e em questão de minutos, ele tem acesso a várias montagens daquele mesmo ballet, podendo estudá-lo detalhadamente. A tecnologia, porém, não dispensa o conhecimento prático e teórico da dança. Para se sentir a dança é necessário um estudo daquela obra embasado em conhecimento técnico, situá-la no contexto cultural, e a tecnologia vem apenas para facilitar e acelerar o processo.

Como você compara o cenário da dança em Belo Horizonte no final dos anos 1980 com o deste 2019? 
Na década de 80, a dança em Belo Horizonte atingia um ápice, com um grande número de pessoas interessadas em sua aprendizagem. O Ballet Movimento trouxe de Nova York vários professores internacionais de jazz e dança contemporânea, como Jojo Smith, Darius Hochman, Theo Jamison, Bill Hastings, Libby Rhodes, Roberta Mathes e Sharon Romeyko. Na década de 90, vieram do Ballet Nacional de Cuba Pablo Moret, Ofelia Gonzales, Mercedes Regueiro e Ileana Lastres. Vieram outros professores que atuavam no Brasil, com reconhecida atuação internacional, como Rolf Gelewsky, Kiko Guarabira, Eurico Justino, Sérgio Rocha, Maurício Silva e Roberto Cordovani. Comparando com os tempos atuais, fica bem claro que, hoje, as pessoas têm muito mais opções para trabalhar corpo e mente. Existem outras formas para as práticas corporais, e a dança ficou restrita a um público que realmente quer passar pela experiência de dançar, que é única, sentindo a emoção de apresentar uma coreografia no palco, e pelo desenvolvimento do árduo estudo para se tornar um bailarino profissional. A pessoa que dança consegue transformar movimento em arte, e somente o bailarino tem essa capacidade.

Quais são os grandes desafios de manter um grupo nos anos 1980 e atualmente?
As escolas de dança sempre tiveram a preocupação de ensinar os conteúdos técnicos conforme a linguagem artística praticada por elas. Já os grupos profissionais têm restrições quanto à criação e manutenção de suas equipes pelas condições financeiras e conjunturais, que às vezes não permitem que os diretores façam uma previsão de ações a longo prazo. Desde a década de 70, quando me tornei bailarina profissional no Ballet do Rio de Janeiro, de Dalal Aschar, dançando nos palcos de inúmeras cidades brasileiras, as mudanças vêm ocorrendo, refletindo a evolução cultural e social da humanidade. Hoje, a dança é ensinada, também, em vários colégios, escolas fundamentais e centros culturais de várias comunidades. Com a abertura desse leque, a possibilidade de surgirem novos bailarinos profissionais é muito maior. Contudo, à medida que o bailarino vai vencendo os desafios e progredindo em sua técnica, ele passa a precisar de uma academia específica de formação profissional em dança. Um grupo profissional de dança necessita, além de excelentes bailarinos, de uma grande equipe de suporte. Para cada produção ou espetáculo é necessário desenvolver um projeto, criando um escopo dos seus objetivos, planejamento de custos e prazos e definição das responsabilidades das equipes artísticas, técnicas administrativas e de produção para que o resultado seja um sucesso.

Quais espetáculos do Movimento foram marcantes para você?
Ao separar fotografias e recortes de jornais, relembrei o espetáculo Cotidiano, marcante por ter sido o primeiro do Movimento. Outras obras ficaram na lembrança, como Clube noturno, uma visita à vida noturna e seus cabarés, Andanças, baseada em poemas de Ronaldo Claver, retratando a cultura do Vale do Jequitinhonha, e Minas em movimento, que trouxe algumas das figuras folclóricas de Minas Gerais. Em Batucada da vida, a coreografia retratava a vida em uma favela. Terra, o planeta em movimento contou com composições de Marcos Viana em um espetáculo minimalista. Esse espetáculo fez parte da programação oficial da Rio 92, o Congresso Internacional do Meio Ambiente, que atraiu as atenções de todo o mundo para o Rio de Janeiro naquele ano. Em Episódios, a coreografia propunha o entrelaçar de situações burlescas vividas por bailarinos mascarados, em um contexto de crítica social. Senhoras do mundo contava a história das mulheres que fundaram a cidade de Araçuaí e fez parte da programação oficial do Encontro das Américas, um prosseguimento da Rio 92. A maior produção da companhia foi o espetáculo Terra Brasilis, que retratou as experiências vividas por imigrantes brasileiros em outras terras. O espetáculo foi baseado no livro do jornalista e poeta Rogério Zola Santiago.

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