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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Nasceu mais um cruzeirense!

A um mês da eleição do novo presidente: apreensão ou esperança quanto ao Cruzeiro das próximas gerações?


postado em 29/04/2020 04:00

Nesta semana, nasceu Diego. Banho tomado e manto sagrado vestido ainda no hospital, ganhou beijos e lágrimas de felicidade da mãe(foto: Arquivo Pessoal)
Nesta semana, nasceu Diego. Banho tomado e manto sagrado vestido ainda no hospital, ganhou beijos e lágrimas de felicidade da mãe (foto: Arquivo Pessoal)


Oswaldo ia ao Mineirão à pé. Do Bairro Santa Efigênia. Algo perto de 10 quilômetros por entre avenidas e ladeiras, para assistir a um escrete de futebol jogar. Cruzeirense, obviamente. Frequenta o majestoso estádio desde sua fundação, em 1965. Testemunhou o surgimento de várias gerações de torcedores celestes. No seu particular, teve a dura missão de manter a paixão pelas cinco estrelas no coração dos filhos crescidos na década de 1980. Foi brilhante nesse quesito.

Assim como a sua amada companheira Beth, ele foi professor de geografia por toda a vida. Isso explicava o amor pelas longas viagens e o mundo de livros empilhados por todos os cômodos da casa, no Bairro Jaraguá. Mas nos dias de jogo, logo surgiam os bonés, camisas, bandeiras e adereços azuis e branco. Dali até o Mineirão, as caminhadas eram mais curtas. As mãos ainda mirradas dos pequeninos Guilherme e Bruno iam agarradas às de Oswaldo na subida até o Gigante da Pampulha. Todo pai quer o melhor para os filhos. Então, se houvesse Cruzeiro, com chuva ou sol, dia quente ou frio, à tarde ou à noite, em boa ou má fase, lá iam seguindo a mística.

A fase difícil da primeira metade dos anos 1980 não era convidativa, mas Oswaldo sempre foi cruzeirense bruto. Olhava para os meninos, sentados no cimento da arquibancada e dizia: “É agora que o Cruzeiro mais precisa da gente. Não podemos dar as costas para o time. Quando está ganhando, é fácil estar aqui”. E se viesse mais uma derrota, completava: “No próximo jogo, vamos saber quem são os verdadeiros cruzeirenses e nós estaremos no Mineirão”.

Nesta semana, nasceu Diego, neto de Oswaldo. Longe. Em Brasília, com 48,5 centímetros e 3,2 quilos. Banho tomado e manto sagrado vestido ainda no hospital, ganhou beijos e lágrimas de felicidade da mãe – também cruzeirense – Talita e do pai Bruno, esse o já velho caçula do professor de geografia.

Diego dormiu seu primeiro sono fora do ventre da mãe agarrado à raposinha de pelúcia. Na porta do quarto, a flâmula do Cruzeiro com seu nome. Fora dele, o clima de apreensão pela pandemia de COVID-19 só se quebrava quando as pessoas olhavam, ensaiavam um doce sorriso e sussurravam: “Olha! Nasceu mais um cruzeirense”.

Na velha casa do Jaraguá, vizinha a um Mineirão silencioso, em completa saudade da torcida do Cruzeiro, vovô Oswaldo e vovó Beth não poderão ver o neto Diego tão cedo. A quarentena lhes impede. Já o agora pai Bruno, ávido por repetir as caminhadas feitas na infância, também terá de esperar para ir à pé com Diego ao estádio. E pela realidade atual do Cruzeiro, sua missão será ainda mais dura do que a de Oswaldo nos anos de 1980.

Na exata semana do nascimento do pequeno cruzeirense do reduto celeste de Brasília, marca-se um mês para as próximas eleições do clube. Apreensão e esperança se misturam quanto ao futuro do único gigante do futebol mineiro, razão do viver para inúmeras gerações de torcedores.

Por diversos momentos de sua história, o Cruzeiro precisou renascer. Em todos eles, renasceu sem a ajuda de origem duvidosa de mecenas, políticos ou messias. Sua torcida jamais retrocedeu. Só cresceu. Portanto, das pessoas que se colocarem como candidatas à presidência do clube, esperamos a consciência do tamanho da responsabilidade em manter essa sina.

Nosso Cruzeiro, para reconstruir, tem apenas os Diegos, Brunos e Oswaldos. Gente nascida de uma paixão simples, fiel e de duras caminhadas até os títulos. Por isso, aos candidatos a presidente, um aviso: não nos venham com promessas vãs de milagres, conchavos com velhos bandidos ou desacordo com a democratização do clube. De vocês esperamos apenas honestidade, compromisso com a reconstrução dessa instituição centenária e respeito ao futuro do Diego nas arquibancadas.

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