(none) || (none)

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Precisamos de vitórias e cabeça erguida para gritar contra os apitadores de videotape

"Nossos jogadores precisam estar atentos. Contra o Bahia, era preciso que eles imediatamente gritassem pelo VAR, parassem o jogo, pressionassem o juiz e exigissem isonomia"


postado em 06/11/2019 04:00 / atualizado em 05/11/2019 23:43

Os cruzeirenses Gilberto, Fábio e Gil pressionam o árbitro Sandro Meira Ricci depois de marcação de pênalti inexistente em Ronaldo, do Corinthians, pelo Brasileiro de 2010(foto: Rodrigo Coca/Fotoarena/Agência O Globo - 13/11/10)
Os cruzeirenses Gilberto, Fábio e Gil pressionam o árbitro Sandro Meira Ricci depois de marcação de pênalti inexistente em Ronaldo, do Corinthians, pelo Brasileiro de 2010 (foto: Rodrigo Coca/Fotoarena/Agência O Globo - 13/11/10)


No sábado, 13 de novembro de 2010, o Cruzeiro não conquistou um título, sequer fez um mísero gol e ainda perdeu com um tento levado aos 45 minutos do segundo tempo. Mesmo assim, daquela noite fria guardo a honra de ter estado no estádio para presenciar uma das cenas mais fortes da história do meu Cruzeiro.

Instantes antes de ela acontecer, o apito do juiz ressoou, acompanhado por um estrondo na torcida adversária. Atônito, olhei para o lado e vi Marquito e Gargamel, meus companheiros de jornada naquele Corinthians e Cruzeiro. Não tinham reação. Mortos vivos, pálidos e sem força nem para balançar a cabeça negativamente. Estávamos na arquibancada dos visitantes no Pacaembu, um dos estádios mais charmosos do Brasil. 

Depois de soprar o pênalti, Sandro Meira Ricci foi cercado por meio time nosso. Peitadas dos ensandecidos Henrique, Leo e do capitão Fábio. Verdades ao pé do ouvido ditas aos berros por Marquinhos Paraná e Gil. Encurralado por cabeçadas do guerreiro Fabrício. A reação indignada do escrete refletia o sentimento que também exalávamos da arquibancada.

Trêmulo e talvez ciente do absurdo que acabara de cometer, o apitador distribuiu cartões amarelos e vermelhos. Ele acabara de apontar a marca da cal numa trombada de Gil em Ronaldo Fenômeno quando o certame caminhava para o empate. Um pênalti escandalosamente inexistente, que, se convertido, faria o Corinthians renascer nas rodadas finais pelo título brasileiro. Já nós, se tomássemos, poderíamos nos afastar da disputa ponto a ponto travada contra o próprio time paulista e o Fluminense. Ronaldo bateu e fez.

A caminho do centro de campo, Gilberto, com o dedo em riste, esfregou a cara de Ricci. Nosso banco de reservas, ironicamente, aplaudiu a lambança daquele jovem árbitro, que anos depois, se tornaria um dos mais prepotentes do país. Cuca foi expulso.

Foi quando o Pacaembu parou para ver um ato de amor e entrega à instituição Cruzeiro protagonizado pelo volante Fabrício. Transtornado pelo roubo, ele abandonou o jogo. Caminhou sua revolta por todo o campo, acompanhado por nossos aplausos e pelas câmeras de TV. 

Guardei aquela cena heroica como a taça de um time que lutou até o fim contra a grande palhaçada que nos roubou o título naquele ano, pois, logo em seguida, venceríamos os três jogos faltantes (Vasco, Flamengo e Palmeiras). Por dois pontos, ficamos com o vice-campeonato.

Mesmo a um oceano de distância de Piazza, Zé Carlos e Douglas, Fabrício, por esse dia, entrou para o meu hall de “camisas 5” com o status de ídolo.

Hoje, nossa situação nos pede um espírito como o de Fabrício. Um clube multicampeão como o Cruzeiro não tem por desvio de caráter justificar suas falhas em traumas ou perseguições. Porém, não pode assistir calado a uma sucessão de “coincidências” dos apitadores e seus asseclas do VAR a lhe manter em local perigoso na tabela, enquanto, dentro de campo, estamos nos mantendo vivos aos trancos e barrancos.

Fomos vítimas de erros seguidos promovidos pelo VAR contra Goiás, Fluminense, Chapecoense e Bahia. Teríamos pontos suficientes para que essa arrancada do pós-Manobol nos colocasse em posição de disputar um G-6.

Não há o que esperar da CBF. Ela está preocupada em realizar o sonho acalentado há 40 anos de destruir a pluralidade dos clubes brasileiros em prol da Rede Flamengo de Televisão. Por seus corredores circula ainda um dirigente mineiro que entre o sapatênis e o seu fetiche por se fantasiar de frango para ir ao estádio, jamais ciscará qualquer esforço para impedir injustiças contra o Cruzeiro, clube que o traumatiza desde criança.

Por isso, dentro de campo, nossos jogadores precisam estar atentos. David sofreu dois pênaltis escandalosos contra o Bahia. Era preciso que eles imediatamente gritassem pelo VAR, parassem o jogo, pressionassem o juiz e exigissem isonomia. Nos próximos e decisivos embates, se não fizermos isso, a benevolência não cairá do céu.

O espírito de guardião de nossa honra demonstrado por Fabrício precisa nos possuir jogo a jogo, lance a lance. Combinado com o peso do manto sagrado, ele é o ingrediente necessário para fazer a vergonha arder na cara dos apitadores do campo e do videotape sempre que sonharem em ser omissos em relação a um gigante como o nosso Cruzeiro.
 
Siga no Twitter: https://twitter.com/gustavonolascoB



 

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)