Jornal Estado de Minas

DA ARQUIBANCADA

Pode juntar os 'coisa ruim', que o Galo não teme assombrações

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Fico muito feliz quando vejo um canalha vestido com o uniforme do arquirrival – a saber, o Flamengo, pois o outro é o arquifreguês. O canalha vestido de Flamengo é um alento para a alma, porque simbólico a respeito de qual trincheira se está. Além do que, embora ateu, acredito na justiça divina – e me apraz a ideia de que este será o critério de desempate que o homem lá em cima utilizará, se necessário for: na dúvida, puna-se o canalha. Boto fé.



Fiquei especialmente feliz ao ver o Bozo vestido de Flamengo, a própria figuração do capeta. E mais feliz ainda com Sérgio Moro, o José Roberto Wright do Direito nacional. O primeiro torce (ou torcia) para o Palmeiras; o segundo, para o Atlético Paranaense. O vira-folha é um caráter oscilante, e todo cuidado é pouco na lida com esse tipo de gente. Uma menção honrosa também às máscaras do vice Hamilton Mourão, sempre a carregar o Flamengo na fuça, uma deselegância danada, todos golpistas da boa estética.

Pois, agora, eis que surge Eduardo Cunha, condenado a 15 anos e 11 meses de cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, muito embora julgado pelo nosso Wright – cuja sentença acaba de ser anulada pelo STF, já que nada produzido pelo Marreco consegue parar em pé. Não importa: a capivara de Cunha é um mastodonte e, assim como o colega de picadeiro, trata-se de um canalha em modo serial killer, tantos e tão longevos são os seus enroscos. A sorte do dia: Cunha é Flamengo.

“Será tranquilamente uma das três finais que teremos contra o Galo. Vamos vencer as três”, escreveu no Twitter o golpista, todo serelepe em sua saidinha, ganhando de véspera do Athletico de Moro (referia-se à Copa do Brasil) e erguendo as taças ao modo Fernando Henrique Cardoso – quando este, ainda candidato, sentou-se na cadeira de prefeito antes de perder o assento para Jânio Quadros, que tratou de desinfetá-lo poucos dias depois. Como Michel Temer e tantos outros, só temos a agradecer a Eduardo Cunha pelo serviço prestado.



Falador passa mal, rapaz – ou, em mineirês, quem fala demais dá bom dia a cavalo. “Vamo fazendo o nosso negocinho, fechadinho”, ensinou R10 na preleção de um jogo da Libertadores em 2013. O mineiro que come quieto é uma realidade inegável, e sobre ele a melhor definição é certamente esta: alguém que produz queijos, e possui bancos. Espero que os edifícios erguidos desde o Minha Casa Minha Vida tenham melhor consistência do que um canastra, mas isso me lembra o Menin.

Vamo fazendo o nosso negocin, mas fechadin mesmo estará o Sport hoje à noite. É um time capenga: tem a segunda melhor defesa do campeonato; e um ataque horroroso, com 8 gols marcados até agora, verdadeira ameaça à linha de frente do Íbis na disputa local dos pernambucanos.
O Galo também tem em seu sistema defensivo um supertrunfo – sofreu apenas 28 gols na temporada, de longe a melhor marca do time neste século, disparada a melhor defesa da Série A. E não perdoa lá na frente, motivo pelo qual é pouco provável que o tuíte de Cunha vá lograr sucesso, a não ser que ele considere a possibilidade de golpe, afinal sua especialidade. Sem isso, como diz o outro, dexezvin.



Na terça-feira temos o Palmeiras pela Libertadores. Adotemos os Protocolos de Segurança já descritos aqui neste espaço anteriormente, de modo a sobrevivermos e alcançarmos com saúde a finalíssima. Tem de manter o fígado e a fé. Mas não pode ser como a Fé no jogo do Crüzëirö contra o Operário, não sei se o caro leitor teve oportunidade de ver.

Refiro-me àquele torcedor conhecido por Fé. Enquanto o pau quebrava lá embaixo, Fé esmoreceu e passou mal. Nada de mover montanhas, quem precisou ser movido foi Fé, amparado por uma enfermeira. Fé não costuma falhar, mas dessa vez falhou. Esta coluna, de viés claramente comunista, estará sempre do lado do Operário. Mas estima melhoras a Fé. Vamo com fé!