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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Galo é nossa vacina contra males do Cruzeiro, Bolsonaro e Flamengo

No caso rubro-negro, Wright é o Moro do Flamengo, Moro é o Wright do Bolsonaro. E o José de Assis Aragão seria o Deltan Dallagnol


10/07/2021 04:00 - atualizado 10/07/2021 07:41

O rubro-negro carioca se tornou um verdadeiro freguês do Atlético: mais uma vitória pra conta do alvinegro (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O rubro-negro carioca se tornou um verdadeiro freguês do Atlético: mais uma vitória pra conta do alvinegro (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


Numa das falas mais emblemáticas do ladrão de vacinas, que, por motivos óbvios, voltou a circular por esses dias, ele pede ao povo brasileiro que o chame de corrupto. Está vestido com uma camisa do Cruzeiro, àquela altura já arruinado pela corrupção de seus dirigentes. Não deve ser coincidência que ambos, Cruzeiro e Bolsonaro, tenham novamente se unido, nesta semana, numa ação de marketing claramente orquestrada.

Aproveitando-se dos questionamentos da CPI da COVID, o capitão sentado ao trono expôs sua incontinência à nação: “Caguei! Caguei!”. Um dia antes, o Cruzeiro anunciara novo patrocinador, o Cotton, um papel higiênico capaz de limpar a barra (possui folha dupla) e mitigar, ao menos em parte, as cagadas em que se meteu o arquifreguês. O presidente comete mais um crime de responsabilidade ao misturar o público com a privada. Em comum, o fato de estarem na merda.

Apesar dessa ligação intestinal, Cruzeiro e Bolsonaro estão longe de ter estabelecido a parceria que se verifica entre Bolsonaro e Flamengo, esta umbilical. Para as eleições de 2022, Bozo deseja atrair ao picadeiro, como candidato a vice, o presidente do clube carioca – cujo patrocínio do Veio da Havan de alguma forma remete àquele do Cruzeiro, ainda que um seja a mancha e o outro, o removedor.

Flamenguistas, sobretudo os de orientação progressista, ficam enfurecidos quando confrontados com a dura realidade da joint venture com aquele que entrará para a história como desonesto, falso, incompetente, despreparado, indeciso, autoritário e pouco inteligente (segundo o Datafolha), além de genocida. A afinidade, no entanto, é histórica e incontornável: Wright é o Moro do Flamengo, Moro é o Wright do Bolsonaro. E o José de Assis Aragão é, digamos, o Deltan Dallagnol.

Por isso, meus amigos, é preciso encher o peito e dizer ao Flamengo: muito obrigado, volte sempre! Se confrontado, não revide, o freguês tem sempre razão. Agradeça a preferência. Se falhamos na última quarta-feira, foi por não ter providenciado os seguranças que podiam ter levado os cariocas de Confins ao hotel, e sobre isso devemos dispor de canais exclusivos para que possam recorrer ao SAC e à Ouvidoria. Na próxima vez, não apenas se deve mandar os batedores, mas também estender um tapete vermelho (e preto) ao logo da Cristiano Machado. Com a morte do Cruzeiro, o Flamengo é agora o nosso cliente preferencial.

Nos últimos 12 dias estive em isolamento, recuperando-me da COVID. Até o fechamento desta edição, permanecia vivo. Como estou em companhia do meu filho, fui obrigado ao uso quase ininterrupto de uma máscara N95. Por esse motivo recorri ao único tratamento precoce de fato eficiente: contra a coceira enlouquecedora, tirei a minha barba. Não o fazia desde 2003, e meu alento foi a certeza de que ficaria mais jovem, visto que a espessa pelagem se encontrava há muito esbranquiçada, sem contar uma estranha faixa preta que descia do lábio inferior ao gogó, fazendo do meu queixo o dorso de um gambá.

Pois bem. Executada a tosa, dei-me com um rosto cravejado de umas rugas até então desconhecidas, disformes e bizarras. “Marcas de expressão”, segundo a minha esposa, que logo creditei às punhaladas da vida. O rebaixamento estava ali, descendo da lateral do nariz. A chuva em São Caetano desaguara na porção direita da bochecha. Tenho os lábios inexistentes do Sérgio Moro, sou feio como um marreco. Impedido de cortar o cabelo, fiquei a cara do Roberto Carlos em sua pior fase, a atual, de mullets. Sou a cara da minha mãe. Não que dona Vera seja feia, longe disso, mas, aos 48, um homem que se pareça com uma senhora de 73 não é exatamente o Rodrigo Hilbert. A essa feiura toda se somava a tristeza de quem está acometido pelo vírus, um dólar a menos na rachadinha e eu já teria tomado a segunda dose.

A minha cloroquina foi o Flamengo. Pela primeira vez, na quarta à noite, sorri diante do espelho. E tudo então, como mágica, se encaixou perfeitamente. Eu sou feito pra sorrir, sou feito pra ganhar do Flamengo. Aquela marca não era o rebaixamento, era a gente fazendo os 4 a 1 no Flamengaço Classificadaço. Ela é perfeita na composição da minha fuça. Aquela outra não era a chuva, era o Riascos depois de partir pra bola. Enquanto a gente ganhar do Flamengo do Bolsonaro, serei o menino no espelho. As marcas de expressão? Caguei! Caguei!




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