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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Como sempre, o Atlético haverá de vencer conspirações e vendavais

Mesmo que o destino tenha sido cruel com o Galo, várias vezes demos olé no mau humor do universo pra sermos campeões


15/04/2021 04:00

A chegada de Cuca, que inicialmente sugeria perda de competitividade se comparado a Sampaoli, está mostrando gratas surpresas aos atleticanos(foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESS)
A chegada de Cuca, que inicialmente sugeria perda de competitividade se comparado a Sampaoli, está mostrando gratas surpresas aos atleticanos (foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESS)


Diz-se que o universo é uma espécie de Michel Temer: ele também conspira. Ao contrário do ex-presidente, porém, costuma fazê-lo “a favor”, desencadeando supostamente uma série de eventos que culminarão no sucesso total de alguma nobre tarefa que se está a empreender. Isso, claro, quando se trata dos outros. No caso do Atlético, o universo está sempre pronto a nos puxar o tapete. Golpista!

Poderíamos discorrer sobre variados episódios da nossa história em que fomos a Dilma (não por acaso, atleticana), e o universo, o desgraçado do Temer. Fiquemos com o exemplo daquele tristíssimo 9 de dezembro de 2001. Vencíamos o São Caetano em jogo perfeito, e estávamos a um passo da final. Aí, veio o universo com suas cumulonimbus, e uma chuva de milimetragens bíblicas desabou diretamente do inferno sobre nossas cabeças, a ponto de tornar o ludopédio um esporte aquático impraticável – para nós, obviamente, porque, para o São Caetano, foi uma bênção caída dos céus. “Fodê-los-ei”, teria dito o Temer, antes de o desastre se consumar, afinal.

Em momentos cruciais e históricos, no entanto, fomos capazes de driblar a má vontade desse pessoal para conosco. E, então, o universo foi o goleiro do América de Cali, e a gente, o Vargas naquele meio-chapéu maroto e desconcertante. Pense no jogo contra o Tijuana em 2013. O pênalti aos 42 do segundo tempo, o universo conspirando contra mais uma vez. Tudo posto, num único lance: o Aragão, o Wright, a bola que entrou contra o Coritiba em 1985 e o juiz não viu, o pênalti que o Simon não marcou em 2007, o Marques fora das finais de 99, a chuva em São Caetano. E na perna esquerda de São Victor, La Canhota de Diós, o nosso dedo médio erguido para Deus e o mundo.

Em 2013, o gigante acordou, você se lembra – como bem disse uma amiga, a Nina Lemos, acordou e foi fazer cocô. Antes de dar merda, porém, o Brasil convulsionou-se em protestos monumentais. Justamente quando a gente ia ganhar a Libertadores, o país ameaçava pôr fogo em si mesmo. Pensava cá com meus botões: nada mais Atlético do que o mundo acabar justo quando a gente está pra ser campeão. Mas assim como aquele jogador que ganhou o Motoradio e ofereceu a moto para o pai e o rádio para a mãe, a gente foi fondo, foi fondo – e na parábola improvável do Leonardo Silva, nosso testa de ferro, ganhamos. A despeito de toda e qualquer conspiração.

Na quinta-feira, novamente nos vimos entre tiros, porrada e bombas. Claramente, o universo conspirava contra os três pontos, dessa vez lançando sobre nós os cumulonimbus do gás lacrimogêneo. Podia-se ouvir ao fundo o coro golpista clamando pelo encerramento precoce do jogo, antes que o triunfo se tornasse inevitável: “Chola mais”. No entanto, a gente foi fondo, eis a verdadeira Bestia da América do Sul, La Bestia Negra y Blanca, Mineiro dos inferno! Agora, é ficar na torcida para que o povo colombiano possa também festejar seus três pontos: “Chora, não vou ligar, chegou a hora, vais me pagar, pode chorar, pode chorar”.

A adversidade é nossa amiga. O azar é nosso irmão. É a massa de pão a que fez referência o chef Kalil nos tempos em que ocupou o cargo mais importante da cidade: “Quanto mais bate, mais cresce”. Quando entrar em campo amanhã para a disputa de sua 15ª final consecutiva do Campeonato Mineiro, o Galo estará jogando contra a inconstância de seu “projeto” e as falhas que permitiram a saída de Jorge Sampaoli. O universo já conspirou contra. É assim que a gente gosta.

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