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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Victor se despede, mas fica no coração dos atleticanos

Em homenagem, a coluna relembra crônica publicada após a defesa milagrosa contra o Tijuana, na Libertadores de 2013


13/03/2021 04:00 - atualizado 13/03/2021 07:23

Aposentado, o goleiro Victor, campeão da Libertadores, se transforma num ícone da história do Atlético(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press - 24/7/13)
Aposentado, o goleiro Victor, campeão da Libertadores, se transforma num ícone da história do Atlético (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press - 24/7/13)
 
 
Este colunista está de férias desde ontem. Mas não poderia deixar de registrar seu agradecimento a Victor Leandro Bagy, que pendurou luvas e chuteiras. Por isso, retira do fundo do baú seu testemunho sobre o milagre primeiro de São Victor, em crônica publicada neste espaço no longínquo 1º de junho de 2013 – o referido é verdade, e dou fé. Em tempo, reafirmo: agora, com Kalil prefeito, urge a substituição do inócuo pirulito da praça pela perna esquerda redentora, um monumento aos que nunca desistem. Obrigado, São Victor!

“Quando eu chuto bola com o meu filho pequeno, e somos obrigados a escolher nossos nomes de goleiros, ele sempre opta pelo Victor”
* * *
E agora, o que faço eu com o meu ateísmo? Ele caiu no Horto, morreu. A contragosto, eu me rendo: Deus existe. O barbudão lá em cima, o sósia do Karl Marx – eu boto uma fé: Ele está no meio de nós. Daqui pra frente, quando alguém vier me dizer que somos poeira das estrelas, que o mundo nasceu no Big Bang, perguntarei: mas e aquele pênalti? E aquela perna esquerda aos 48 do segundo tempo? Foi Deus, foi tudo Deus – a perna esquerda de Deus.

Muito se fala de La Mano de Dios, com a qual Maradona vingou a derrota para os ingleses nas Ilhas Malvinas. Na quinta-feira, nessa mítica quinta-feira, soubemos que Deus bate com as duas – sua perna esquerda salvou a pátria, nos redimiu de todos as mazelas, e devolveu à Massa a chance de chegar ao paraíso. La Canhota de Dios veio finalmente fazer justiça, a justiça divina: ninguém nesse mundo merece mais que o atleticano. Eu não tenho mais dúvida: chegou a hora de resgatar os pontos acumulados no nosso plano de fidelidade.

A sociedade homenageia seus heróis erguendo bustos e estátuas. O mínimo a fazer é arrancar o pirulito da Praça Sete e em seu lugar instalar uma grande perna esquerda, como aqueles pedaços de corpos que ficam na sala de ex-votos da Basílica de Aparecida. Apenas uma perna – uma perna cabeluda diante da qual rezaríamos pelas causas impossíveis.

Quando eu chuto bola com o meu filho pequeno, e somos obrigados a escolher nossos nomes de goleiros, ele sempre opta pelo Victor (levou tempo para esquecer o Aranha, com seu nome de super-herói). Gosta da sonoridade do R, aquela do Caixa, na hora da defesa: Victorrrrrrrrrrrrrr. Então, ele me pergunta como é a musiquinha do Victor. Driblo o palavrão, dando à luz o cântico que ele adora: “Pata que pariu, é o melhor goleiro do Brasil, Victor!!!”

Chorei junto com o Kalil e o Gropen na imagem que ficará para a história: o presidente emocionado, enxugando as lágrimas e cantando com a Massa – puta que pariu, é o melhor goleiro do Brasil! O que o Victor fez naquele pênalti foi chutar pra lá a nossa crônica falta de sorte, a cabeça de burro enterrada no nosso quintal, a injustiça que nos persegue.

Sua perna esquerda chutou as bundas de José Roberto Wright e José de Assis Aragão. Em seu voo de Bruce Lee, nos libertou finalmente da derrota para o Flamengo na Copa União, da bola que o juiz não viu entrar contra o Coritiba na semifinal de 1985, do pênalti não marcado aos 40 do segundo tempo na decisão de 99. Aquilo não era uma perna – era um taco de beisebol a rebater a bola de ferro amarrada no pé do atleticano. Libertas quae sera tamen! Ou seja, a Libertadores será nossa também!

Faltam quatro jogos. Se Deus é por nós, quem será contra nós? Temos uma parada providencial neste mês de junho. Bernard vai calibrar o pé na selecinha. Leonardo Silva vai ganhar ritmo. R10 prometerá o título a dona Miguelina. Cuca poderá lavar a camiseta de Nossa Senhora que não tira há três meses. Até que chegue julho, nós, atleticanos, trabalharemos pensando em Atlético. Faremos amor pensando em Atlético. Chutaremos bola com nossos filhos, e seremos todos a perna esquerda do Victor, La Canhota de Dios.

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