Jornal Estado de Minas

DA ARQUIBANCADA

Sob tanta generosidade, que o Galo avise: "Pago quando puder"

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O cruzeirense sacou a pipoca do micro-ondas, sentou-se à sala de televisão e aguardou as denúncias capazes de explicar o milagre da multiplicação do dinheiro na Cidade do Galo. Vitimado ele próprio por revelações do mesmo Esporte espetacular a respeito da quadrilha que fez o Cruzeiro dançar, esperava assistir, domingo passado, à demolição da Arena MRV antes mesmo que pudesse ser erguida. “Eu acredito!”, falou para si mesmo, quando, enfim, começou a desenrolar-se a reportagem.


Pobre do cruzeirense, acossado por fantasmas diversos desde aquele encarnado no CSA. À noite, Mitair aparece para puxá-lo pelo pé. Acordado, a torcer pela nossa desgraça, a assombração chama-se Rubens Menin, o mecenas que vem reafirmar a velha máxima segundo a qual o mineiro é aquele que vende queijos e possui bancos. Bem, a considerar que a arena é obra de sua competência, espera-se que seus prédios não sejam exatamente queijos e menos ainda daqueles moles e furados.

O Brasil está espantado com Rubão, e isso tem a ver com o nosso déficit de amor. Como assim, alguém pode abrir mão de parte de sua fortuna apenas porque do lado esquerdo do peito bate uma víscera alvinegra? O Brasil só compreende o tilintar das máquinas registradoras, que desastre. É por isso que há tempos prescrevo um pouco mais de Atlético Mineiro a esses tristes trópicos: se estão baixas as plaquetas do amor, tome uma dose de Galo, essa cloroquina não falha.

Sentado diante da tevê, comendo a pipoca que Sette Peles amassou, o cruzeirense descobriu de onde vem o pé de árvore a dar dinheiro ao rival: é o amoooooor, meu filho, Rubão é uma alma transparente, um louco alucinado meio inconsequente, um caso complicado de se entender. Mas a gente, que se especializou na explicação do inexplicável, pode ajudar: essa patologia se chama Clube Atlético Mineiro e acomete cerca de 8 milhões de brasileiros. Não tem cura.


Com razão, o atleticano está preocupado com a saúde de Rubens Menin, afinal, temos de fazer o possível e o impossível para que ele alcance a idade da Vovó do Galo, prestes a celebrar 100 anos de amor sincero ao alvinegro. Durante uma live com o jornalista Jorge Nicola, da ESPN, Rubão recebeu conselhos variados no tocante a issaí. Parecia minha mãe ao telefone: cuidado com a janela aberta, vai pegar um resfriado; só atravesse na faixa; venha devagar nas curvas; está passando alquingel? A seguir todas as sugestões, Rubão será um fóssil vivo no milenário do Galo.

O problema, aponta o amigo Juca Kfouri, é que as pessoas brigam, haja vista o BolsoDória, o BolsoMoro, o Sette e o Kalil. De modo que é preciso desejar a Rubão não apenas uma boa saúde física, mas também mental, que tenha a paciência de Jó e a sabedoria de Buda, que ofereça a outra face como fez Jesus e que se guie pelo princípio da não violência, assim como Gandhi, amém.

De minha parte, independentemente de todos os esforços capazes de preservar o Rubão no formol do tempo, sugiro a assinatura e publicidade do seguinte contrato entre as partes: “Parágrafo Único: devo, não nego, pago quando puder”. Extensivo às próximas cinco gerações, importante constar. E um aditivozinho, para não restar dúvida: “Tira o zóio do shopping, que imóvel não se vende e dívida boa a gente rola e enrola”. E assim, por estarem justos e contratados, respiraremos aliviados. Vamo, meu Galo querido! Coitado do Flamengo perto do nosso amor.