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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Só o Cruzeiro para salvar a alma de um atleticano desalentado

Depois de três derrotas seguidas no Brasileiro, só a desclassificação da Raposa para dar ânimo ao atleticano. E acho que Ceni não fica para o Natal


postado em 07/09/2019 04:00 / atualizado em 06/09/2019 22:25

Golaço de Edenílson sacramentou a goleada do Inter sobre o Cruzeiro na semifinal da Copa do Brasil(foto: PEDRO H. TESCH/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO)
Golaço de Edenílson sacramentou a goleada do Inter sobre o Cruzeiro na semifinal da Copa do Brasil (foto: PEDRO H. TESCH/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO)
 
 
Depois da terceira derrota seguida no Brasileirão, o atleticano está desalentado, sensível e macambúzio. Somos todos aquele mendigo do meme da internet. Ele caminha pela rua, trôpego, arrastando sua bola de ferro, quando o sujeito que filma o cumprimenta com o otimismo da casa-grande: “Bom dia!!!”. O mendigo: “Vai tomar no c.”. É nóis.

Para o atleticano exilado em São Paulo, o caso deste escriba até outro dia, perder para o Corinthians é um golpe duro. Com 23 anos de Tucanistão, isso significa o aniquilamento pela ditadura da maioria, a derrota para o time da Globo, a rendição ao capital. Mudei para a Bahia, e perdemos para o Bahia. Oh vida, oh céus, oh azar...

Miro a tabela de canto de olho, como o cachorro antes do ataque traiçoeiro. Vejo o Flamengo lá em cima, quatro vitórias nos últimos quatro jogos, oh vida, oh céus, oh azar. Meu pobre coração carcomido bombeia o ressentimento que um dia irá me matar.

Posso ver Zico, Nunes e Wright. Adílio, Andrade e Aragão. Posso ver Renato Gaúcho deixar o Batista na saudade (terá sido mesmo Batista, com sua elegância desnecessária?), o Telê outra vez derrotado por um 3 a 2, o placar para mim sempre funesto, primeiro no Maracanã, depois no Sarriá, seis anos mais tarde no Mineirão. Nenhuma criança resiste a essa série de infortúnios. Eu odeio o Flamengo e o ódio irá me consumir.

Pois bem, estava eu nesse mood aí, nessa mala onda, nesse deplorável estado de espírito. Cogitei recorrer à saída sempre proposta por um amigo querido, “Vou ali dar uma suicidada e já volto”. Mas é Setembro Amarelo, não convém deixar a bola branca morrer na caçapa. Ademais, eu não estava sozinho. Tinha o Cruzeiro.

Às vezes, o time do barro preto é como Jesus (não o fajuto, professor daquele time lá): só o Cruzeiro salva. O atleticano que passou os últimos anos a repetir que “minha bandeira jamais será vermelha” teve o que mereceu. Na quarta-feira vestiu bandeira, camisa, meia, cueca – nunca diga jamais. Aliás, experimente o pretinho básico nesse 7 de Setembro, Dia do Horto. Ou o preto e branco, vá lá.

Como já assumi minha culpa diante de conquistas do Cruzeiro, não é falta de modéstia vangloriar da minha participação na vexaminosa derrota. Uma participação involuntária, é verdade, porque faltou internet na casa onde resido e isso é um problema bem mais complexo quando se está numa vila de mil habitantes. Sem televisão ou rádio, fui impedido de fazer aquilo que faço com a mínima excelência e os piores resultados – secar.

A certa altura da noite, saí para comer uma tapioca. Fiquei espantado ao ver que a Tapiocaria, cujo dono é um atleticano doente, esse pleonasmo, estava tomada por todos os cruzeirenses da região – dois. Com a televisão ligada no jogo e o Cruzeiro perdendo por 1 a 0, nem me arrisquei a esperar que a farinha desse liga. Vazei imediatamente, ciente da minha condição de corvo ao contrário.

De repentemente o atleticano macambúzio acordou de seu desalento. Está vivo e renovado. Sabe que ganhará do Botafogo amanhã, e que daqui pra frente irá galgar os degraus da tabela como o Robert De Niro subindo a montanha em A missão. O atleticano redivivo, aliás, não apenas sobe como move montanhas.

Pedimos uma única gentileza a quem de direito: queira por favor parar de poupar jogadores! Somos um time de futebol, não somos operadores do mercado financeiro para poupar tanto assim. Poupe o dinheiro do shopping enquanto não sai a licença para construir o estádio no paraíso ecológico do Califórnia, praticamente uma Galápagos – mas, pelo amor de Deus, bota os caras pra jogar. Estamos a nove pontos do Flamengo, ainda dá, caramba.

Um palpite, sem querer secar ninguém: Rogério Ceni pede água antes de dezembro chegar.



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