Jornal Estado de Minas

Que tosse chata! COVID-19? Não, tuberculose

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Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.

A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:

- Diga trinta e três.



- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...

- Respire. ...

- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.

- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?

- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.


Manuel Bandeira, em seu livro de 1930, descreveu bem uma cena do paciente com tuberculose. Hoje, felizmente, há muito para se fazer além de tocar um tango argentino. Na próxima quinta-feira, dia 24 de março, é celebrado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose - uma doença causada por uma bactéria, que pode prejudicar diversos órgãos, principalmente os pulmões, com 87% dos casos. Os sintomas arrastados por mais de três semanas como febre, sudorese noturna e perda de peso merecem uma investigação médica.

Essa doença pode estar ativa e é notável que a pessoa está doente, mas também pode estar quietinha, ou seja, a pessoa tem o agente causador no corpo mas não tem sintomas da doença. Muitas vezes teve o contato com um doente e em seguida "pegou"a bactéria. Ela fica ali quietinha, na dela, mas quando a gente dá uma bobeira ela cresce e causa os malefícios ao corpo.



Uma doença que em 2018 apresentou 10 milhões de novos casos no mundo e que ocasionou 1,2 milhões de mortes no mundo merece atenção. Em queda, mas ainda uma das mais letais dentre as doenças infecciosas e ainda está estrelando as 10 maiores causas de morte.

São Paulo, potência econômica e referência no mundo, ainda tem índices de casos semelhantes a países da África que estão em fases de desenvolvimento econômico e de saúde bem inferiores. Apesar do preconceito que associa a doença à pobreza e subdesenvolvimento, não é o que os números revelam.

Além da história do paciente, a investigação pode ser melhorada através de um exame de raio-X de tórax e a pesquisa da presença da bactéria no escarro do paciente. O tratamento é ofertado pelo SUS a todos os que estão no Brasil.



A vacina (doutor Erickson, de novo essa história de vacina? Sim, sim e sim) BCG, que é oferecida ao recém-nascido, previne contra as formas graves da doença como meningite, encefalite e tuberculose miliar. Os famosos hábitos de saúde, como sono adequado, boa alimentação, não fumar e se proteger ao tossir, contribuem muito para reduzir a transmissão da doença.

Importante lembrar que a doença é de notificação compulsória e tem uma atenção especial pelas autoridades de saúde. Ainda hoje é estigmatizada e negligenciada, pois para muitos preconceituosos a doença está associada a pacientes portadores de HIV, pobres, usuários de drogas, presidiários, e outras tantas vulnerabilidades sociais e biológicas.

Se você conhece alguém ou você mesmo apresenta os sintomas que conversamos aqui, por favor procure uma ajuda médica imediata.