Jornal Estado de Minas

Dicas de português

A lição do episódio de Novak Djokovic

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Recado
“Quem fala demais dá bom dia a cavalo.”
Provérbio popular

Terra deles
Saiu nos jornais. Afeganistão corta a cabeça de manequins de vitrine. Virou notícia. Que medo! Volta e meia países cujo nome termina em -stão viram manchete. É o caso de Casaquistão, Curdistão, Tadjiquistão. E por aí vai.



As quatro letras vêm do persa stan. Querem dizer país, terra. Afeganistão é a terra dos afegãos; Casaquistão, dos cazaques; Curdistão, dos curdos; Tadjinistão, dos tadjiques.

O não

De um lado, os adeptos da vacina. Por outro, os que negam a eficácia do imunizante. Entre eles, Novak Djokovic. O tenista número 1 do mundo foi barrado no Aberto da Austrália. A razão: o atleta sérvio se pronunciou contra a vacina. Do episódio, fica a lição. O não, como prefixo, agradece, mas dispensa o hífen: não vacinados, não ingerência, não discriminação, não intervenção.

É assim
Bolsonaro estava em Santa Catarina. Sentiu-se mal. Levaram-no pra São Paulo. Lá, foi internado. Três dias depois, recebeu alta. Assim mesmo: alta com l.

Gênero explícito
A dúvida vem de longe. Feminino? Masculino? Cargos e funções, se exercidos por mulher, escrevem-se no feminino. Presidente (ou presidenta), agente administrativa, secretária-executiva servem de exemplo. Atenção ao exagero. Siga a índole da língua. Na concorrência do feminino e masculino, fique com o masculino plural.

Filhos engloba filhas e filhos. Brasileiros, brasileiras e brasileiros. Amigos, amigas e amigos. Não caia no modismo de discriminar – sem necessidade – o sexo das pessoas: os presentes e as presentes, os embaixadores e as embaixadoras, os leitores e as leitoras. Cruz-credo!

Só prazer
Férias pedem lazer. Entre tantas ofertas, uma sobressai. É a leitura. Ler nos permite viver muitas vidas, aventuras, sonhos. Mas, antes de pegar o livro, convém lembrar-se das terceiras pessoas do verbo que encanta. No singular, pede acento. No plural, deixa o chapeuzinho pra lá e dobra o e. Veja: ele lê, eles leem.





Por falar em ler...
Quem é que manda? O leitor. Da escolha da obra à leitura, Sua Excelência faz e acontece. Pode tudo. Quem lhe assegura a força é Daniel Pennac. Ele escreveu os 10 direitos imprescritíveis do leitor:

1. O direito de não ler.
2. O direito de pular páginas.
3. O direito de não terminar um livro.
4. O direito de reler.
5. O direito de ler qualquer coisa.
6. O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível).
7. O direito de ler em qualquer lugar.
8. O direito de ler uma frase aqui e outra ali.
9. O direito de ler em voz alta.
10. O direito de calar.

Senhora família
A chuva castigou a Bahia. As águas inundaram vários municípios. Deixaram mortos, feridos, desalojados e desabrigados. O fato virou notícia. Nas redações, pintou uma dúvida. Por que a maioria das palavras em que soa x depois de en- se escrevem com x (enxame, enxaqueca, enxurrada) e enchente se grafa com ch?

A resposta está no poder da família. Contra ela, nenhuma regra vence. Enchente vem de encher, que vem de cheio. O ch, que aparece na palavra original, se repete nas derivadas. É o caso também de chiqueiro (enchiqueirar) e charque (encharcar).





Leitor pergunta
Haja visto ou haja vista? Sempre confundo.
Jorge Abi, Santos

Haja visto é tempo composto, formado do presente do subjuntivo do verbo haver mais o particípio do verbo ver: É importante que eu haja visto (= tenha visto) o filme para poder comentá-lo.

Haja vista é locução invariável. Significa veja-se, tendo em vista, que se oferece à vista: Ele não é culpado, haja vista que só coordena o programa.







audima