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Estado de Minas

Dicas de português


postado em 28/07/2019 04:00

Recado
“Críticos são sujeitos que têm mau hálito no pensamento.”

 Vinicius de Moraes

Uma letra faz a diferença
Ufa! Que semana movimentada! O ponto alto? Foi a prisão dos hackers que invadiram o celular de mais de mil pessoas. Entre elas, ninguém menos que o ministro da Justiça. Dia sim, outro também, Sérgio Moro via mensagens atribuídas a ele no noticiário da Europa, França e Bahia. O ministro da Economia também caiu na rede. Paulo Guedes, ao ver mensagens dele para ele, pôs a boca no mundo. A polícia estava em campo. Tinha cumprido mandados de busca e apreensão na casa de suspeitos. Quatro foram pro xilindró. A notícia ganhou asas. Ao escrevê-la, não deu outra. T tomou o lugar do d. Resultado: mandado virou mandato. Que confusão! Mandado vem de mando. Quer dizer ordem. Daí mandado de segurança, mandado de prisão, mandado de soltura. Mandato pertence a outra patota. Quer dizer representação. Presidente tem mandato. Senador e deputado também. Governador, prefeito e vereador idem. Eles são eleitos. Recebem nas urnas autorização para falar e decidir em nome do eleitor. Que privilégio! Que responsabilidade!

Sem mistério
A invasão da privacidade de inquilinos do andar de cima fez muita gente recorrer ao dicionário. A razão: descobrir o porquê de invasão se escrever com s. A resposta é fácil como tirar chupeta de bebê. Substantivos derivados de verbos terminados em –dir estendem tapete vermelho ao s. É o caso de dividir (divisão), decidir (decisão), explodir (explosão), iludir (ilusão), fundir (fusão), evadir (evasão), erodir (erosão), cindir (cisão), aludir (alusão).

Carícia nos ouvidos
Chuvas alagaram ruas, afogaram casas, mataram pessoas. A capital pernambucana virou notícia. Trouxe de volta velha dúvida de brasileiros de norte a sul do país. Recife ou o Recife? A gramática abona ambas as formas. Mas, se você estiver na charmosa cidade de Manuel Bandeira, João Cabral, José Paulo Cavalcanti & cia. talentosa, diga o Recife. O artigo acaricia os ouvidos de adultos e crianças. Oba!

Otite, gente
“FGTS: saque de R$ 500 por cada conta ativa ou inativa”, escreveu O Globo na primeira página de quarta-feira. “Doeuuuuuuuuuu”, reclamaram leitores. Os ouvidos reclamavam. Culpa do cacófato. Duas sílabas se encontraram para formar outro vocábulo — por cada vira porcada, da família de porco. Como se safar da enrascada? No caso, basta cortar o pronome cada: saque de R$ 500 por conta ativa ou inativa.

Coração grego
Doenças do coração são causa de 30% das mortes no mundo. O médico que cuida das enfermidades de órgão tão importante se chama cardiologista. O nome vem do grego kardía, que quer dizer coração. A palavra tem montões de descendentes. Entre eles, cardíaco, cardiopata, cardiovascular, cardiorrespiratório, eletrocardiograma. E por aí vai.

99 dias
Boris Johnson é o novo primeiro-ministro inglês. Ele assume o poder com um senhor desafio – promover a saída do país da União Europeia (Brexit). Trata-se de divórcio pra lá de complicado. A razão: não há regras para a separação. E faltam só 99 dias para o adeus. Jornais divulgaram o fato. Alguns escreveram “há 99 dias do Brexit, Boris Johnson não tem plano concreto”. Bobearam.

1. Haver exprime tempo passado: Cheguei há pouco. Moro em Santos há um mês. Você terminou o curso há quanto tempo?

2. No caso, fala-se de futuro. É a vez da preposição a: A 99 dias do Brexit, Boris Johnson não tem plano concreto. Chegarei daqui a pouco. Estamos a cinco meses do Natal.

Leitor pergunta
Rezo a oração Ave, Maria com muita fé. Mas tenho uma curiosidade. Qual o significado de ave nesse contexto religioso?

 Kátia Domingues, Recife

Ave, no caso, quer dizer salve. A palavra não tem nada a ver com o cristianismo. Era forma de saudação na antiga Roma. Lembra-se do clássico ave, Caesar?

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