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Por que os executivos brasileiros escrevem tão mal?

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Há trinta anos, a Associated Press já havia divulgado uma pesquisa segundo a qual, no Brasil, oitenta por cento das empresas (foram ouvidas quatrocentas) consideravam a escrita dos executivos péssima. Se essa análise fosse realizada hoje, certamente passaríamos dos noventa por cento, afinal, confusões relativas ao uso do onde e do aonde, à diferenciação entre o há e o a, à utilização do porquê e à colocação da crase, por exemplo, são recorrentes no mundo corporativo.





Analisemos, pois, os fatos. Executivo que se preza valoriza – e muito – a língua inglesa. O exagero chega a ser cafona: empowerment, call, follow up, briefing, feed back... Qual a razão, por exemplo, de usar feed back se temos a palavra retorno, meu Deus? Seria a nossa síndrome de vira-lata tupiniquim? Bem, fato é que executivos, de um modo geral, supervalorizam o inglês em detrimento do português.

Outra causa atávica para o fiasco linguístico dessa turma diz respeito ao tempo, que, inexoravelmente, é dinheiro. Na lista de prioridades, o português fica lá no fim. Também não podemos fechar os olhos para a pouca intimidade da maior parte dos executivos com os clássicos da literatura. Mas o que isso tem a ver? Ora, só escreve bem quem lê bem. Entenda, por obséquio, “ler bem” como ler textos linguisticamente notáveis.

Todavia, eu seria leviana se não defendesse os executivos. Nos workshops que realizo para o mundo corporativo, sempre percebo um desejo real de aprender, de rever as regras do nosso idioma. Não por amor à língua portuguesa, é claro, mas por medo de passar vergonha. Independentemente da motivação, quando esses profissionais dão a mim a oportunidade, tornam-se excelentes alunos. Chega a dar gosto de ver. Enfim, não se pode cobrar tanto de quem mal tem tempo para almoçar, de quem precisa usar as refeições do dia como janelas para reuniões. A culpa, talvez, esteja no sistema, não no executivo em si.




audima