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Fotinhos provocam polêmica na 'quarentena gourmet'

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Sou uma pessoa de personalidade forte, cujas opiniões são consideradas exageradas e até mesmo radicais. Você é meu leitor e sabe disso. Todavia, a articulista aqui ainda não conseguiu chegar a uma conclusão acerca do tema sobre o qual refletiremos hoje, que diz respeito à “quarentena gourmet”.



E o que é uma “quarentena gourmet”? Bem, trata-se do isolamento de muitos abastados financeiramente que não se intimidam em publicar fotinhos cujo conteúdo, na atual circunstância, emanaria inveja até na santíssima Madre Teresa de Calcutá.

Ah! Se o termo fotinhos lhe gerou estranheza, trate de se acostumar com ele, pois fotinha não existe. Em primeiro lugar, foto é redução de fotografia, palavra feminina. Por isso devemos dizer a fotinho, e não o fotinho. Em segundo lugar, é necessário manter, no diminutivo, a terminação inicial (fotO, fotinho; motO, motinho; sambA, sambinha). Entendeu? O feio também existe, leitor.

Voltando à vaca fria, os críticos da “quarentena gourmet”, como se fossem integrantes da Inquisição, acusam os exibicionistas endinheirados de não possuírem empatia com quem está vivendo no sufoco. David Geffen, fundador da DreamWorks e o homem mais rico de Hollywood, cancelou a conta no Instagram após receber duras críticas à postagem que fez, em quarentena, no iate de 138 me- tros. Aliás, nem precisamos ir longe: recentemente, Sarah Mattar, herdeira da família Localiza, também foi criticada – por um importante veículo de comunicação – depois que publicou cenas em sua arrebatadora fazenda.



Mas e o direito individual? Censurar o conteúdo de inúmeras instagrammers que mal podem respirar sem fazer uma postagem não seria um castigo dantesco? Fora os contratantes, que, apesar da atual conjuntura, costumam exigir a manutenção da rotina de publicações. Não é exatamente o estilo de vida delas que as pessoas querem (ou queriam, já não sei mais) ver? Além disso, se o seguidor se sente diminuído ou agredido, não seria o caso de ele simplesmente parar de seguir?

Poucos assuntos me deixam sem posicionamento, leitor. Entendo os argumentos de ambos os lados. Eu mesma, ora publico a minha vida privilegiada, ora apago, ora publico, ora apago. O Instagram foi a mola propulsora da minha vida profissional. Graças a ele, fui contatada e contratada por diversos veículos midiáticos. Postar o meu dia a dia tornou-se, há anos, um hábito. Para muitas pessoas, não o fazer requer esforço hercúleo, acredite. Só que as coisas, ainda que momentaneamente, modificaram-se. Fica, então, a pergunta: fotinho nos olhos dos outros é refresco?