Conseguir é frustrante. Ouvi essa afirmação quando era jovem, mas, como eu ainda não havia logrado nada de significativo na vida, a não ser boas notas, não entendi, como se dizia antigamente, bulhufas. Como alguém poderia se sentir frustrado depois de alcançar êxito? Não parecia fazer sentido.
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A mais nova CEOEscrever corretamente as expressões 'de mais', 'de menos' e 'demais' exige atençãoChefe ou chefa? Uma coisa é certa: quem manda é elaAliás, haverá não somente um paradoxo – ideia sem sentido – como uma antítese, que se trata de uma figura de linguagem em que aproximamos palavras com significados opostos, como bem e mal, noite e dia, início e fim. Mas, voltando à vaca fria: seria o fim (o final) o início? Creio que sim. Quando chegamos ao fim das nossas possibilidades, ao teto da empreitada, temos de encarar o vazio. E, nesse contexto, podem nascer diversos inícios, desde o início de um quadro depressivo ao início de um novo fim, de um novo objetivo.
E o que difere as consequências do alcance do fim? A predisposição para viver, para arriscar, para ser, muitas vezes, insano aos olhos do senso comum. Um amigo meu, professor de física, sempre diz isso. Segundo ele, “o mundo é dos loucos”. Faz sentido. Todos os indivíduos que fizeram diferença tinham algum parafuso a menos. Bem, a esta altura do meu texto – que está meio biruta –, já não sei mais se estou falando de figuras de linguagem, de objetivos, de frustrações, de quê. Mas de uma coisa eu sei: paradoxalmente, nada é mais frustrante do que conseguir. Haja (e não aja, sem h) loucura para continuar.
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