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padecendo

O silenciamento das mulheres pelas próprias mulheres

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Bebel Soares
 
 
 
Ser silenciada me adoece. Ser impedida de me expressar, de ser transparente me adoece. Não poder falar. Falar e não ser ouvida. Ter a fala invalidada. Falar e tentarem me calar. 




 
Pior ainda quando quem te silencia são outras mulheres. E isso acontece muito. Nessa semana comemoramos o dia da mulher e pipocaram vídeos, imagens e textos exaltando as mulheres. No dia tem aquela chuva de flores. De que adianta dar flores se você não valoriza o trabalho feminino? De que adianta dar flores, se flor não vai diminuir o número de feminicídios que só vêm subindo no Brasil?
 
E as mulheres que adoram dizer: uma por todas e todas por uma!? Muitas vezes é só da boca para fora, na prática, elas excluem outras sutilmente. Procuro defender os direitos de todas as mulheres. Defender o direito das mulheres não é concordar com todas elas. Defender direitos também é discordar de mulheres que têm atitudes machistas, racistas, homofóbicas, gordofóbicas, etaristas, capacitistas etc.
 
Apoiar mulheres, às vezes, é ficar em silêncio, por saber que a fala ou a atitude equivocada são de uma mulher que se submete à cultura machista como aquela que disse que "Homem não pode lavar prato porque isso tira a energia masculina dele." Todas nós, mulheres, fomos treinadas para a dependência emocional.
 
A crença de que mulher precisa de um homem que é construída desde que nascemos. Em família, na mídia, nas histórias de princesas. Em todos os lugares os modelos que temos são modelos românticos. A busca pelo príncipe encantado que vai nos completar. Por isso não se deve julgar uma mulher que foi engolida pelo patriarcado, mas podemos questionar aquelas que fazem uso desse discurso só para ganhar fama e dinheiro.
 
Também tem mulheres que usam outras mulheres como escada, se fazem de amigas e te descartam quando chegam onde queriam. A tal da rivalidade feminina adoece tanto quanto o silenciamento. A competição pela atenção masculina, a objetificação dos nossos corpos.
 
Às vezes é assim, você só quer se posicionar, sair desse lugar de menos valia onde nos colocaram, mas outras mulheres te silenciam, te deslegitimam, buscam justificativas onde não têm. A forma de não adoecer é falar. Fale! Eu te escuto!