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Pacto brutal: o assassinato de Daniella Perez

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“Estamos em 2022, 30 anos se passarem, e três mulheres morrem todos os dias por feminicídio”
O documentário “Pacto brutal – o assassinato de Daniella Perez” mostra detalhes do assassinato de Daniella Perez, atriz que tinha apenas 22 anos na época e era filha da autora de novelas Glória Perez. No dia 29 de dezembro de 1992 acordamos com a notícia: Daniella Perez havia sido assassinada pelo colega de elenco, todos sabem o nome da criatura, me recuso a mencionar.




 
São cinco capítulos extremamente difíceis de assistir. Eu tinha quase 18 anos quando aconteceu, me lembro de todas aquelas notícias sensacionalistas, as tentativas de difamação da vítima, era horrível. Imagine o choque da mãe, Glória Perez, ao ver as matérias sobre o assassinato da filha ilustrados com fotos dos personagens da novela “De corpo e alma”, Bira e Yasmin (o assassino e a vítima), abraçados? Cruel.
 
A crueldade de todo o caso que podemos observar ao assistir cada capítulo. Vamos conhecendo detalhes que foram pouco divulgados. Nos deparamos com tanto machismo durante o processo. Tanto desrespeito à vítima e à família.
 
Uma fala muito atual que faz parte do documentário é: “Quando a vítima é mulher, ela sempre tem a participaçãozinha dela. Há sempre a insinuação de que ela é ardilosa, de que ela é provocante, de que ela levou o homem a fazer isso. Isso é inconcebível e revoltante”.




 
Glória Perez foi obstinada. Mesmo com tanta dor, ela lutou muito para conseguir esclarecer o crime, condenar os culpados e chamar a atenção do Brasil para alguns absurdos da legislação. A força de uma mãe que não pode viver o luto, mas que conseguiu mudar a lei.
 
“Não tem como virar a página para a existência de um filho”  – Glória Perez. 
É duro observar a psicopatia dos assassinos que nunca se arrependeram do crime, e que hoje seguem vida normal, separados. Ela tentando se desvincular do caso; ele cheio de seguidores, hoje é pastor. Sete anos presos, hoje livres, enquanto a vida de Daniella foi interrompida aos 22 anos, há 30 anos.
Uma filha foi tirada de uma mãe. Uma esposa foi tirada do marido. Uma família foi dilacerada.
“Não houve justiça. Houve um casal de assassinos, uma vida interrompida, uma mãe com uma dor eterna” – Odette Castro.
 
É muito, muito triste, muito chocante ver como nosso país funciona. Como a estrutura favorece bandidos. Nosso Brasil, país onde assassino se torna pastor. O país que idolatra mendigo estuprador. Onde anestesista estupra mulher durante o próprio parto. O país que chama de ídolo goleiro que matou a mãe do próprio filho... 
 
Estamos em 2022, 30 anos se passarem, e três mulheres morrem todos os dias por feminicídio. Assassinos se tornam heróis e vítimas são consideradas culpadas pela própria morte. No Brasil o crime compensa.