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Estado de Minas PADECENDO

Homenagem no Dia das Mães: quem cuida de quem cuida?

No Brasil, mais de 11 milhões de mulheres são chefes de família e precisam cuidar dos filhos, trabalhar para sustentar a família"


08/05/2022 04:00 - atualizado 08/05/2022 09:59

mãe dormindo com criança no colo
(foto: Depositphotos)
O tempo todo ouvimos falar em “culpa materna”, mas alguém já ouviu falar em culpa paterna? A culpa é sempre da mãe. A mãe se culpa, a sociedade culpa a mãe. E fim.

Aí chega o Dia das Mães e todo mundo quer dar presente, quer vender presente...

Há mais de uma década, entendi que não devo julgar as mães, nem devo me julgar. Tenho me perdoado pelas vezes que errei tentando acertar. Por ter entendido que a maternidade precisa de doses cavalares de autocompaixão.
 
A mãe se julga, o filho absolve? Não é assim que funciona. A absolvição tem que ser nossa, nosso não julgamento. Nenhuma mãe é culpada por não ter apoio, por precisar trabalhar muito e ter pouco tempo para os filhos. O sistema não nos oferece melhores condições para criar os filhos. A sociedade não cuida das mães, nem das crianças.

As questões da maternidade não devem ser tratadas de forma individual, elas são coletivas. É preciso ver o todo.

Amamentar é uma questão de saúde pública. Existe uma pressão social, um incentivo ao uso de fórmulas e mamadeiras, mesmo quando a amamentação está indo bem. Não conseguir amamentar não é um crime, nem é sobre amor. Nenhuma é culpada de nada.

A solidão da maternidade, a pressão externa, a falta de apoio, nada disso é culpa da mãe. Foi-se o tempo em que eu me condenava, e que julgava outras mães por estarem fazendo o que davam conta. Muitas vezes sozinhas, muitas vezes invisíveis. Exaustas, sobrecarregadas, e sem ninguém com quem dividir todo esse peso.

Eu não espero que sejamos absolvidas por nossos filhos, nem pela sociedade. Na maternidade, não há espaço para júri nem juiz. Nossas questões são muito mais profundas do que a culpa por dar mamadeira, ou chupeta, ou ter que trabalhar demais, ou deixar os filhos na frente da tela para conseguir dar conta de tudo. Ou por ter que deixar o dia inteiro na creche. Ou não conseguir sentar-se para brincar. Somos a consequência, a causa; o culpado é o sistema.

No Brasil, mais de 11 milhões de mulheres são chefes de família e precisam cuidar dos filhos, trabalhar para sustentar a família, têm que lidar com a falta de dinheiro e não têm tempo de pensar em cuidar da saúde mental. E o pai? O pai está torturando essa mulher, atrasando pagamento de pensão alimentícia, ou sumindo no mundo como se nunca tivesse feito filho nenhum.

O sistema é que não nos dá escolhas. O sistema explora, tira nosso sangue, nos sobrecarrega e não permite que a gente consiga se dedicar aos nossos filhos como nós gostaríamos e como toda criança merece, nos adoecendo, física e emocionalmente. Não enxerga que milhares de mães vêm passando por um adoecimento psíquico, um esgotamento emocional. A mãe, por mais que precise de ajuda, não para, não pede ajuda. Tenta dar conta de tudo. Quando uma mãe está em desespero não aparece uma alma para apoiar. Quem cuida de quem cuida?

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