Jornal Estado de Minas

PADECENDO

Paternidade e maturidade

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Minha avó já dizia: muito ajuda quem não atrapalha. De fato, tem gente que não consegue ajudar e não atrapalhando já está bom. Mas na vida e na maternidade nós precisamos de mais.





Embora quase toda mãe se contente em não ter ninguém atrapalhando, e tantas outras agradeçam por ter marido que ajuda. Pai que ajuda a cuidar dos filhos.
 
O marido que ajuda não é um ser humano diferenciado, ele é uma pessoa que entende que a casa também é dele, os filhos também são dele e ele precisa participar da rotina da casa.

A mão do homem não cai se ele lavar a louça ou colocar a roupa para lavar. Varrer uma casa ou lavar um banheiro não causa impotência.

Muitos homens já entenderam que eles precisam de mais do que não atrapalhar e passaram a ajudar. Mas ajuda ainda é pouco. Ajudar ainda deixa a sobrecarga mental para a mulher, a mãe.

Você conhece um pai que sabe o nome da professora dos filhos?

Que vai às reuniões da escola?

Que compra o material escolar e uniforme no início do ano?

Que deixou de jogar futebol, ou tênis, ou passar longos períodos fora de casa para a prática de esportes com os amigos, deixando a mãe cuidando das crianças?

Que sempre fez a papinha do bebê, já que a amamentação tomava muito tempo da mãe?

Que leva o bebê ao pediatra nas consultas mensais?

Que fica de olho no calendário de vacinas e leva as crianças para vacinar?

Que lê sobre criação de filhos?

Que já ouviu falar em disciplina positiva, educação montessoriana, criação com apego?

Que levam ao dentista? Que procuram orientação quando acham que os filhos têm algo diferente do padrão?

Que passa a noite em claro vendo se a febre do bebê está sob controle?

Um dia, eu estava conversando com amigos. Um deles, pai de três filhos, disse: “Eu teria mais um filho, é tranquilo demais”. Era mesmo, ele estava ali e a esposa estava em casa cuidado dos três. A carga toda era dela.





Filho nasce e a mãe quer continuar trabalhando como antes, tendo o corpo de antes, dormindo como antes. Culpa os hormônios pela falta de libido, pelo mau humor, pela tristeza. É mais fácil chupar os hormônios do que entender que o grande problema é o peso dessa carga mental. O contentamento em ter alguém que, pelo menos, não atrapalha. Ou a sorte de ter alguém que ajude.

O que toda mãe precisa é de alguém que divida. De alguém que não precise de orientação toda vez que vai fazer alguma coisa. Alguém que não espere ela pedir. Alguém que se antecipa e faça. Que tenha iniciativa.

Deixe de ser o pai que reclama da esposa e passe a enxergar o que você está deixando de fazer para que ela se sinta assim, sem energia, desanimada, mal-humorada. A paternidade traz grandes responsabilidades, e exige renúncias. Paternidade pede maturidade. Você agora é adulto, e precisa agir como tal. Se tem uma coisa que nenhuma mãe precisa é de um marido agindo como filho adolescente.

audima