Jornal Estado de Minas

EM DIA COM A POLÍTICA

A contabilidade do ministro da Saúde sobre a vacinação no Brasil

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis

“O que falta é vacina mesmo. Não tem essa questão de estratégia e logística, não. Essa história de dizer que é o quinto que mais vacina, nós somos também um dos países com maior número de mortes.” Quem deixou claro foi a senadora Zenaide Maia (Pros-RN) em resposta ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.





Ontem, em plena segunda-feira, o ministro da Saúde  participou da audiência pública da Comissão Temporária da COVID-19 do Senado. E foi por lá que tentou explicar a lentidão da distribuição das vacinas. “Em nenhum momento, o Ministério reduziu metas de vacinação. O que fizemos foi retirar as vacinas que estavam sem a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, ressaltou.

A justificativa do ministro, no entanto, não convenceu a senadora Zenaide Maia (Pros-RN). “O número de óbitos neste ano supera o total no ano de 2020 inteiro.” Bastaria, mas teve mais da parlamentar potiguar: “Isso mostra a gravidade dessa doença e a necessidade de adoção de medidas que sejam eficazes para vencermos essa situação grave na saúde pública nacional”.

Marcelo Queiroga até que tentou se defender. “Claro que não é só a vacinação. Eu tenho, desde o primeiro dia em que assumi o cargo, reiterado a importância das chamadas medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras, o distanciamento social.”





O relator da comissão, o senador Wellington Fagundes (PL-MT), primeiro a abordar o assunto, como é praxe, foi direto ao ponto: “Quando o governo apresentará de fato um cronograma confiável?”. O ministro respondeu: “Pessoas ficam na mídia condenando o tempo todo nosso programa de vacinação e já somos o quinto que mais distribui imunizantes. Não há que se comparar com Chile ou Israel.” 

Só que Marcelo Queiroga não convenceu a senadora Zenaide Maia (Pros-RN), que acabou respondendo ao ministro da Saúde com a declaração contundente que abre esta coluna.

Nunca falou

“Bolsonaro vai escolher outra pessoa para acompanhá-lo para a reeleição. O que tenho visto em suas declarações é que ele precisaria de outra pessoa no meu lugar. Mas ele nunca disse isso para mim. Se abrir possibilidade, vejo que possa disputar uma cadeira no Senado. Estaria mais ao encontro da maneira como sou, como atuo”. Tudo isso partiu do vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB). Caso Bolsonaro decida realmente migrar para o PRTB, ironia das ironias, terá que dividir o espaço partidário com o seu vice-presidente.

E teve mais...

“Apesar de ele nunca ter dito isso pessoalmente para mim, a interpretação que tenho feito dos sinais que são colocados é de que ele vai escolher outra pessoa para acompanhá-lo na sua caminhada para a reeleição.” A harmonia entre os dois foi para o espaço há tempos. Hoje, eles mantêm uma relação fria e cordial, rompida por trocas de torpedos de tempos em tempos.





Sem máscara

“Pois é, né? Tem que comprar. Onde compra isso? Uma coisa é você estar comendo na praça de alimentação. Outra é entrar totalmente sem máscara. Ainda mais sendo ex-ministro.” Quem diz é o ex-comandante do Ministério da Saúde Eduardo Pazuello, alvo da CPI da COVID-19. Ele agora está em cargo na Secretaria-Geral do Exército. O motivo é que, a mando de Bolsonaro, entre outras coisas, defendeu o uso de hidroxicloroquina como tratamento contra o coronavírus. O flagra da fotógrafa Jaqueline Bastos foi no Manauara Shopping, em Manaus.

A escolinha

E não é a do professor Raimundo, que tanto sucesso faz até hoje… É a própria Casa Civil da Presidência da República, comandada pelo ministro Walter Braga Netto, que é de Belo Horizonte. Ele distribuiu uma tabela a 13 ministérios, enumerando 23 acusações frequentes contra a gestão do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia da COVID-19. Tudo por causa da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Será medo do relator Renan Calheiros (MDB-AL)? A eventual escolha dele preocupa o Planalto. Daí a movimentação para ele não conseguir ser o relator.

A biblioteca

“O governo que isenta armas quer taxar livros?” Quem pergunta é a deputada federal gaúcha Fernanda Melchionna (Psol), que é a coordenadora da Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura. O fato é que, ontem, parlamentares e convidados rechaçaram qualquer espécie de tributação sobre os livros. Só que o governo bolsonarista prevê um imposto com alíquota de 12% e diz que “afetaria só os mais ricos”. Tudo isso foi em audiência pública, ontem, na Câmara dos Deputados. É a primeira, mais aí virou piada pronta. A equipe econômica incluiu os livros entre itens sujeitos à incidência da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).





PINGA FOGO

  • Em tempo, sobre a nota A biblioteca: desde a Constituição de 1946, por iniciativa do escritor e na época deputado constituinte Jorge Amado (1912-2001), os livros são imunes a impostos no Brasil. Em 2004, também se tornaram isentos de algumas contribuições sociais.

  • Mais um: a proposta “institui o Plano de Regularização e Incentivo para a Retomada da Atividade Econômica no Estado de Minas Gerais (Recomeça Minas) e dá outras providências”. O projeto, de ontem, é do próprio presidente da Assembleia Legislativa (ALMG), Agostinho Patrus (PV).

  • Basta um item da proposta: ela determina a redução a zero até 90 dias depois do término da vigência do estado de calamidade pública e da carga tributária relativa ao ICMS sobre produtos da cesta básica. Ou seja, nada de imposto na mesa de quem mais precisa enquanto durar a pandemia.

  • E tem a “questão ética”, coisa rara na política nacional. Mas vale o registro: “Da maneira como fui formado e criado, como vice dele, eu nunca concorreria contra ele”. É o vice-presidente Hamilton Mourão em referência a Bolsonaro.

  • Sendo assim, o jeito é encerrar por hoje. E torcer para que haja mais elegância entre os demais políticos nacionais. O exemplo já foi dado. FIM!





audima