“Confusão ontem, viu? Que eu falei que o Brasil estava quebrado. Não, o Brasil está bem, está uma maravilha. A imprensa sem vergonha, essa imprensa sem vergonha faz uma onda terrível aí. Para a imprensa bom estava Lula, Dilma, que gastava R$ 3 bilhões por ano para eles”.
Tudo isso foi dito a um grupo de pessoas na saída do Palácio da Alvorada. Melhor deixar mais claro de uma vez. Para que fique bem claro, foi um dia depois de dizer que o Brasil estava “quebrado”. Já deu para perceber que se trata do presidente Jair Messias Bolsonaro (até hoje sem partido).
Melhor tratar do que interessa. O presidente optou mesmo foi por atacar, ontem, a imprensa. Ela foi alvo, de acordo com ele, por uma “onda terrível” de sua fala na terça-feira. Só que depois mudou o tom.
Em conversa com apoiadores, o chefe do Executivo minimizou a declaração anterior sobre a situação do Brasil. Não poderia ser diferente, afinal, os ataques presidenciais repercutiram negativamente tanto no meio político e, pior ainda, quanto no mercado financeiro.
Mas não perdeu a chance de ironizar. “Confusão ontem (leia-se terça–feira), viu? Porque eu falei que o Brasil estava quebrado. Não, o Brasil está bem, está uma maravilha”, destacou, aproveitando os grupos de sempre dos seus apoiadores de plantão no Palácio da Alvorada.
A repercussão entre os políticos, como não poderia deixar de ser, pegou pesado. Para começar, a esquerda não perdeu tempo. “Se o presidente nada consegue fazer, ele e seu vice precisam renunciar e entregar a salvação do Brasil a quem sabe fazer”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE).
“Bolsonaro gosta de dizer que administra o país apenas quando algo lhe favorece. Não assume os problemas e culpa a imprensa para cada bobagem que seu governo comete. Sabota a vacinação e os mais pobres para, descaradamente, atribuir os problemas do país a qualquer um que não seja de sua turma”, acrescentou Jean Paul Prates (PT-RN).
Já que é assim, um último registro. “O Brasil consome 300 milhões de seringas por ano. Também somos um dos maiores fabricantes desse material. Como houve interesse do Ministério da Saúde em adquirir seringas para seu estoque regulador, os preços dispararam, e o ministério suspendeu a compra até que os preços voltem à normalidade”.
Diante de tudo isso, é o presidente da República Federativa do Brasil avisando que só resta declarar que é melhor, sem mais comentários, encerrar por hoje. Tenham todos um bom dia.
Criatividade
O detalhe
Professor Maneira é vizinho da família do governador Romeu Zema e amigo de infância do político e seus irmãos. Como o prefeito tinha prometido antes da pandemia de prestigiar o aniversário do amigo, ele substituiu a sua presença enviando de Conceição três leitoas, cada uma pesando cinco quilos. As iguarias suínas percorreram 600km até Araxá e chegaram a tempo do parabéns. Na foto, o professor Eduardo Maneira ao lado da mulher, a advogada Rosara de Oliveira Maneira, prima do prefeito José Fernando, sobrinha e afilhada do saudoso embaixador José Aparecido.
Prorrogação
O senador Weverton Rocha (PDT-MA) apresentou projeto de decreto legislativo que prorroga o estado de calamidade pública por mais 180 dias em todo o país, em razão da COVID-19. A proposta permitirá alívio temporário das exigências de austeridade e que o governo federal desobedeça às metas fiscais para custear ações de combate à pandemia. “A abertura dessa margem fiscal dará condições para que estados e municípios recebam socorro financeiro para enfrentar o momento de crise. Ou seja, gastos extras na área de saúde para comprar, por exemplo, vacina.
Nota de pesar
A família mais antiga na política nacional está de luto. Foi sepultado ontem o ex–deputado federal Bonifácio Andrada, que foi advogado, jornalista, cientista político, doutor em direito público, professor universitário e por aí vai. Na política, deve ser um recorde, já que foram 15 mandatos eletivos e 60 anos de atividade parlamentar. Entre os presentes na despedida, os filhos políticos, o deputado federal Lafayette Andrada e o ex-prefeito de Barbacena Toninho Andrada. E, como não poderia deixar de ser, o cortejo passou pelas principais ruas de Barbacena.
Breaking news
É isso mesmo, a eleição dos Estados Unidos virou uma confusão só. Os apoiadores de Donald Trump não aceitaram a derrota. Joe Biden pediu: “A violência que vimos é um ataque sem precedentes à democracia, ao Estado de direito”. E acrescentou: “As cenas vistas foram provocadas por um pequeno número de extremistas, que não são o que nosso povo é. São ações de rebelião que devem acabar agora”. E finalizou dizendo: “Estou chocado e triste”. Nada mais é necessário acrescentar.
PINGA FOGO
- Em tempo, sobre a nota Prorrogação: além de permitir o aumento do gasto público, o texto cria uma comissão mista composta por seis deputados e seis senadores, com igual número de suplentes, para acompanhar os gastos e as medidas tomadas pelo governo federal no enfrentamento do problema.
- Detalhe, das notas sobre José Fernando de Oliveira: um livro inédito, Cartas de lá e cá, traz uma troca de correspondências entre crianças de Portugal e do Brasil, cujo lançamento em BH e Lisboa foram cancelados por causa da pandemia
- Isso mesmo, culpa da COVID-19. Só que José Fernando pretende retomar ao além-mar com o apoio da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) tão logo a vacina chegue. Vale a torcida para isso, não é mesmo?
- Antes de encerrar, vale o registro que partiu do ainda presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele aproveitou para atacar. Ressaltou que cenas como as vistas nos Estados Unidos podem se repetir no Brasil.
- E finalizou: “Claro! Basta lembrar as imagens de março de 2020”, disse, referindo-se às manifestações realizadas em Brasília por apoiadores do presidente, que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.