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Não deixe que a omissão mate o nosso cão

O Brasil inteiro se une e faz da luta contra a violência uma unanimidade, independentemente de divergências em outras áreas


postado em 29/09/2019 04:00 / atualizado em 26/09/2019 18:12

“Antônio Roberto, estou chocada e aterrorizada com aquele crime cometido por marginais contra uma criança de 6 anos, arrastada covardemente pelo carro dos bandidos. Você fala constantemente que o homem é naturalmente bom. Como explicar então tal crime?”

 

Rosângela, de Contagem


(foto: Lélis)
(foto: Lélis)

 

Estamos todos envolvidos pelo pesar, pelo sofrimento e pela perplexidade diante dessa barbárie ocorrida no Rio de Janeiro. Poucas vezes estivemos diante de tamanha crueldade, frieza e monstruosidade. Fomos todos assassinados com esse crime, que nos produziu sentimentos de indignação, medo, angústia, tristeza e raiva.

 

Com esse crime, de repercussão mundial, esbarramos no limite da crueldade humana, na mente psicopata. A mãe da criança, no auge da sua dor, definiu com absoluta precisão o caráter hediondo dos criminosos: “Eles não têm coração”. Esse crime deve ser visto sob vários aspectos: psicológico, político e social. Do ponto de vista psicológico, estamos diante de seres “perversos”. A pessoa perversa é aquela que, para atender ao seu desejo, seja financeiro, sexual ou outros, não mede as consequências e torna-se completamente fria e indiferente aos sentimentos dos outros. São pessoas sem sentimentos, ou seja, sem coração.

 

Reafirmo que as pessoas são de natureza boa. Elas se deterioram na vivência social. O amor é um sentimento natural. A criança, ao nascer, tende naturalmente à aproximação amorosa com a mãe e posteriormente com outras pessoas.

 

Por isso, a maioria das crianças são amorosas. A partir, porém, das suas vivências de maus-tratos, abandonos, abusos corporais e psicológicos e na sua proximidade com exemplos adultos de crueldade, elas podem se tornar perversas e perdem sua capacidade de amar.

 

Esses traços sociopatas aparecem, em geral, na adolescência. Daí a importância e a relevância de um cuidado especial com a juventude no campo socioeducacional, principalmente nas camadas mais carentes da população. Inclui-se aqui também a reeducação obrigatória aos menores infratores, com intenso trabalho na parte emocional, por meio de terapias psicológicas. Ninguém se torna criminoso da noite para o dia. O jovem começa com pequenos desvios de conduta: brigas, atos de vandalismo, arruaças etc.

 

Uma assistência aos jovens que estão começando na marginalidade pode preventivamente reorientá-los para uma vida de sanidade social. Uma legislação penal moderna, atualizada com os novos tempos e a mudança do sistema carcerário são ingredientes fundamentais para uma nova ordem de proteção à sociedade. Acima de tudo, porém, há um clamor geral no nosso país, rubricado agora, infelizmente, com o sangue de um inocente, para que a segurança pública seja eleita como a prioridade das prioridades. Uma vontade política real e firme de atacar o problema.

 

Estamos todos cheios de discursos, teorias e especulações a respeito da questão. Precisamos agir e coagir os poderes públicos para que também ajam nesse rumo. Até quando seremos submetidos a essa humilhação e insegurança?

 

Nunca a questão da segurança pública foi atacada com firmeza, com determinação, com integração de todos os poderes e acima das questões político-partidárias ou de política regional. A marginalidade está se tornando um novo poder, organizada e esparramada nacionalmente.

 

O Brasil inteiro se une e faz da luta contra a violência uma unanimidade, independentemente de divergências em outras áreas, ou continuaremos a assistir em praça pública a espetáculos macabros mais horrorizantes do que nos filmes.

 

“Na primeira noite, eles vieram, pisaram nas nossas flores e não falamos nada...

Na segunda noite, voltaram, mataram o nosso cão e não falamos nada...

Na terceira noite, vieram, cortaram nossa garganta e como não tínhamos dito nada, nada mais poderíamos falar.” Já mataram nosso cão! 

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