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Estado de Minas ANTÔNIO MACHADO

PIB vira estratégia contra efeitos eleitorais dos tropeços na pandemia

Governo quer compensar ações doidivanas com Pibão, que traz voto... E ressaca depois da farra


13/06/2021 04:00 - atualizado 13/06/2021 10:08

Cidadãos usam máscara, enquanto Bolsonaro defende que vacinados e já infectados dispensem o acessório, ao contrário das orientações dos especialistas(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press 24/12/20)
Cidadãos usam máscara, enquanto Bolsonaro defende que vacinados e já infectados dispensem o acessório, ao contrário das orientações dos especialistas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press 24/12/20)


Máscaras contra a COVID-19 podem ser brancas, pretas, vermelhas, não importa. Elas são apolíticas, não têm partido, prestam-se a salvar vidas, o que não toca Jair Bolsonaro ou ele não teria anunciado que mandou “um tal Queiroga”, aludindo ao ministro da Saúde, fazer um “parecer” para dispensar vacinados e infectados pelo vírus homicida da companhia do anjo da guarda da pandemia. Onde tem a cabeça?

O governo se escora no apoio interessado de deputados e senadores gratificados com verbas e cargos nos nacos do setor público que fazem licitações e gastam o que o orçamento não dispõe – pois se dispusesse não haveria déficit fiscal e o Tesouro não teria que se endividar – para criar um pibão que reeleja Bolsonaro.

Isso apesar das quase 500 mil mortes, e contando, boa parte devido ao atraso na compra de vacinas e ao comportamento de um presidente que age como playboy doidivanas despreocupado com seu mau exemplo.

A reeleição também conta com o ministro da Economia liberal ma non tropo, frente a um presidente que quando encasqueta com um desejo não volta atrás, além da vaidade do poder, que é afrodisíaco, segundo um antecessor do atual ocupante da pasta da Fazenda renomeada – e vamos em frente, que o Centrão só apoia quem abre os cofres. Mas se diz reformista para ganhar aplausos ensaiados do tal “mercado”, que se zangado derruba a bolsa, espiroca o câmbio e adota às avessas a máxima de Pazuello – “Um manda, o outro obedece”, taoquei?

Opinião sem medo: 'Adeus, bolsonaristas, não quero mais vocês perto de mim'
É um filme que já vimos. Em 2010, o pibão que seria o grand finale dos oito anos de Lula elegeu a desconhecida Dilma Rousseff, que sem o talento do chefe e os bons ventos das commodities tentou bisar a dose em 2014, abismou-se com as sequelas e, outra vez mal orientada, deu o cavalo de pau que serviu como ignição de seu impeachment.

Brasília é ingrata com azarões tipo Bolsonaro. Ele passou 28 anos no fundão do plenário da Câmara, tempo suficiente para aprender que ideologia tem preço, e que deboche, infâmia, grosseria, misoginia etc. têm público e atraem a atenção da imprensa. Mais: se partilhar migalhas do poder, transforma quatro-estrelas em ajudantes de ordens; liberal de Chicago vira qualquer coisa; chefes de partidos ditos de centro... Bem, esses não mudam, são os mesmos desde a Constituinte.

E nós? Ora, use máscara e se vacine logo que puder.

Bizarrices rendem votos?

Enquanto acreditar que suas bizarrices rendem votos e a média do eleitorado vai optar por qualquer um que impeça a volta de Lula, que nem começou a circular como candidato e já desponta na dianteira das sondagens de opinião, Bolsonaro não vai parar.

Com a economia não tem que se preocupar. Sem outra onda de casos e de mortes, as ações de distanciamento serão relaxadas, hoje um cenário convincente. A vacinação deverá estar concluída até o fim de ano, apesar da inépcia federal. O senso público dos funcionários do SUS também tem mostrado ser mais confiável que as tentativas patéticas do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de manter seu emprego.

Com a pandemia perdendo força, a economia voltará à normalidade e é isso que tem de ser mais bem compreendido. Só voltar ao ponto de partida é fácil, basta o Produto Interno Bruto (PIB) crescer 4,3% este ano. Poderá crescer algo mais que isso e não será um pibão – trata-se de retornar ao ritmo de expansão anêmico desde o fim da megarrecessão de 2015-2016, algo em torno de 2% ao ano, até menos.

No embalo dos clorolovers

Nem reformas como a da Previdência e a trabalhista, assim como as eventuais tributária e administrativa tramitando no Congresso, têm a capacidade de levar o empresariado a investir sem perspectiva dos padrões tecnológicos que vão dominar a década. Tudo está mudando.

A conversa sobre reformas liberalizantes tem mais ideologia, além de sofismas, que o suposto tecnicismo com que são apresentadas como contraponto ao que seus defensores chamam de socialismo – jeito, no Brasil, de desqualificar os “outros” como se fossem estatizantes. É o que a extrema-direita nos EUA tenta colar nos programas do governo Joe Biden para impulsionar o investimento público e privado.

A verdade é que o desenvolvimento nas economias industrializadas é definido pelo epíteto indústria, e não qualquer uma, mas a que tem autonomia tecnológica. Dela derivam os serviços sofisticados, fruto de inovações movidas a software graças à educação que põe foco na tecnologia, além de maciço investimento público em pesquisa.

Esse era o diferencial que distinguia no mundo os EUA, país cujo agronegócio é mais pujante que o brasileiro. Decaiu em relação à China e outros países asiáticos, que é o que Biden tenta reverter. Trump tinha o mesmo diagnóstico e fracassou em implementá-lo. E nós como estamos nesta corrida? Regredindo, embalado pelos clorolovers.

Paz social vem da inovação

Então, o resto do ano tende a ser assim: a economia crescerá até o nível em que estava no fim de 2019, o que é pouco, e criando menos empregos que o necessário, se o investimento em infraestrutura, que é mais que privatizar ativos estatais, e em modernização industrial não acontecer, passando dos atuais 17% do PIB para ao menos 20%.

E isso em meio a transformações disruptivas em estágio avançado, o caso das energias renováveis, a mudança do motor a combustão para o elétrico (e mais adiante a hidrogênio), o fim já datado da economia movida a energias fósseis (petróleo tende a ter utilidade cada vez mais marginal a partir de 2030), outro ciclo de produtividade e de restrições de consumo impactando o agronegócio, fintechs tomando o lugar dos bancos físicos (o Pix é só o começo), e por aí vai.

O avanço tecnológico implica o que o economista austríaco Joseph Schumpeter chamou de “destruição criativa”, que no mundo digital se faz acompanhar de mudanças culturais e menos empregos, ao menos se a estrutura social não os criar com novas demandas de serviços.

E, de novo, o que fazemos quanto a isso? Que candidato disse o que pensa e o que propõe? A histeria da extrema-direita bolsonarista não tem resposta e suas ameaças são historinhas para assustar quem tem urticária só de ver pobre e progresso por perto.

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