Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

Ser mãe não é vontade geral

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis


Dia desses fiquei conhecendo um rapaz simpático, bem apessoado e solteiro. Por pura curiosidade, quis saber se ele tinha namorada. Ele me contou que teve uma, até há pouco tempo, mas não tinha mais. Quis saber se tinham acabado porque ele não queria se casar. E a resposta dele me surpreendeu. 





Tinham terminado porque ela casar até que queria. Só não queria ter filhos. Ele, cheio de irmãos, não entendeu a razão de a moça querer até se casar, mas definitivamente não queria ter filhos. Ele achou melhor terminar e procurar outra namorada que quisesse ter filhos. Pior é que o rapaz não está sozinho nessa novidade.

Isso porque, ao longo das décadas, uma série de mudanças culturais têm sido vistas no mundo, sendo uma delas a desconstrução da maternidade compulsória. Desse modo, é crescente o número de mulheres que optam por adiar o momento de ser mãe ou por não ter filhos. A lista de motivos para essa escolha vai desde a conquista da estabilidade econômica e realização na carreira, passando por motivos de ordem sexual ou enfermidades, até simplesmente pela mulher não se identificar com a ideia da maternidade.

Seguindo essa diminuição e adiamento relacionado ao tema, em levantamento realizado a partir do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos do Ministério da Saúde, no Brasil, o número de mulheres que tiveram filhos entre os 35 e os 39 anos aumentou em 71% nos últimos 20 anos. E, conforme constatado no mais recente estudo da Famivita, 45% das brasileiras não pretende/não sabe quando terá filhos. 





Tal fato se concentrou especialmente entre as mulheres dos 25 aos 29 anos, das quais 23% apontaram não pretender ter filhos. Na faixa etária dos 30 aos 34 anos, esse número foi um ponto percentual menor, com 22%. Já no que se refere àquelas que não sabem quando pretendem ter filhos, o número é maior dos 18 aos 24 anos, com 28%. 

Entre as que afirmaram planejar ter filhos, 30% responderam que os planos seriam para os próximos seis meses. Além disso, 86% das brasileiras explicaram que o parceiro compartilha da mesma ideia quando se fala em adiar ou mesmo em não ter filhos.

Interessante ressaltar que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde a década de 1970 a taxa de fecundidade no Brasil não para de cair. Este índice utilizado na demografia se refere ao número médio de filhos nascidos vivos, tido por uma mulher ao final do seu período reprodutivo, em uma específica unidade geográfica (podendo ser países, regiões metropolitanas ou municípios, por exemplo), em um determinado período de tempo. 

Geralmente, a Taxa de Fecundidade é expressa em filhos/mulher e, para efetuar o cálculo, considera-se no período reprodutivo mulheres de 15 a 49 anos de idade. Para se ter uma ideia, há 20 anos, a mulher brasileira tinha, em média, 2,9 filhos. Em 2034, esse número será de apenas 1,5 filho, e deve permanecer estacionado por quase três décadas, conforme a Projeção da População do Brasil por sexo e idade para o período 2000/2060, feita pelo IBGE.