Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

Oncologistas defendem uso de canabidiol no tratamento do câncer

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Atualmente, os cânceres de mama feminino (10,5%), de próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%) lideram os casos da doença no país. Para ajudar no manejo da dor e no controle dos efeitos colaterais da quimioterapia – como náusea e vômitos – e a fim de auxiliar na redução da ansiedade e da depressão, que podem ser provocadas pelo diagnóstico e tratamento da doença, estudos utilizando tanto o THC quanto com o CBD mostram efetividade na melhora da qualidade de vida dos pacientes.





Para a médica Paula Dall’Stella, a cânabis atua diretamente no sistema endocanabinoide, um sistema de comunicação de grande importância para a homeostase (equilíbrio) do corpo humano, provocando a melhora de parâmetros clínicos associados ao tratamento de doenças graves, como o caso do câncer.

“O sistema endocanabinoide é o promotor da homeostase, do balanço interno do organismo, funcionando como meio de comunicação entre todos os sistemas do corpo humano. Quando inalterado, ou seja, na ausência de uma doença crônica, ele tem a capacidade de manter o metabolismo em equilíbrio. Porém, as doenças crônicas provocam o desequilíbrio deste sistema e aí a aplicação dos canabinoides, como forma de melhorar a sinalização do sistema endocanabinoide, poder aliviar e tratar alguns dos sintomas do tratamento oncológico, fazendo com que o paciente se sinta melhor e mais disposto, e consiga finalizar o tratamento”, explica a médica.

Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, responsável pela importação de insumos do canabidiol no Brasil, mais de 50 mil pessoas já fazem uso do medicamento no país. O número representa a aceitação e eficácia do uso do canabidiol como estratégia para melhorar os sintomas gerais do paciente com câncer, como falta de apetite, mal-estar, ansiedade e depressão, melhora da qualidade do sono e controle da dor, entre outros.





Ludsclay Cação, oncologista do Instituto AvantGarde, afirma que o canabidiol é uma estratégia teoricamente nova, porém muito promissora dentro da oncologia como suporte ao paciente em tratamento e, por isso, sua procura vem aumentando no país.

“Na nossa prática clínica, temos alguns pacientes já em uso do CDB como terapia complementar ao tratamento-padrão, como cirurgia, radioterapia e quimioterapia, com resultados muito positivos e promissores, melhorando o apetite e consequentemente melhor adesão às orientações nutricionais e do perfil imunológico, fatores que levam o paciente a procurar pela medicina canabinoide", completa o médico.

Além do uso medicinal, a Cannabis sativa é um tipo de planta muito versátil, que pode apresentar vários possíveis usos, como a fabricação de papel, de cordas, tecidos, fios, tijolos, fibras para construção civil e cosméticos.





Para Paula Dall'Stella, são múltiplos usos, principalmente como alternativa sustentável, já que o cânhamo, umas das suas variedades industriais, compete com a indústria do plástico, petróleo e madeira, indo muito além do potencial terapêutico.

“Para o uso medicinal podem ser utilizados extratos integrais ou com suas substâncias isoladas, e os medicamentos disponíveis no Brasil são oferecidos na forma de cápsulas, tinturas, spray ou soluções oleosas”, explica a médica.

“A cânabis não deve ser utilizada como monoterapia em doentes graves, pois ela não cura”, ressalta Paula, mas tem o potencial de ajudar a regular ou modular o sistema endocanabinoide, melhorando a sintomatologia e devolvendo a autonomia e a qualidade de vida dos pacientes em múltiplas doenças refratárias aos tratamentos convencionais.