Jornal Estado de Minas

COLUNA DA ANNA MARINA

Garganta seca? Cuidado com o gargarejo com álcool e vinagre

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Fico impressionada com a quantidade de problemas e doenças que os médicos dizem existir, com sintomas de coisas que ocorrem conosco rotineiramente. Sempre que recebo material desse tipo me lembro do célebre “A vida do bebê”, do pediatra Rinaldo de Lamare, que nas décadas de 1970 e 1980 era o livro de cabeceira de todas as mães de primeira viagem. Qualquer coisa diferente que o nenê tinha, a consulta era imediata.





É mais ou menos como ocorre hoje com o Google – as explicações iam do leve resfriado a graves doenças neurológicas. Claro que as mães sempre pensavam no pior, e quem sofria com isso eram os pediatras. Quando tive minha filha, a primeira coisa que o médico dela disse foi para eu jogar o livro no lixo.

Voltando ao caso de hoje, recebi material dizendo que coceiras na garganta podem indicar problemas respiratórios e até gástricos. Por isso, médicos alertam para o risco de tratamentos caseiros, como gargarejos com vinagre e álcool.

Cá pra nós, já vi muita gente fazendo gargarejo com água morna, sal e até um pouco de vinagre, mas com álcool nunca vi. Vai ver que são da turma dos alcoólatras. Pelo sim pelo não, melhor fazer o alerta.





Em alguns períodos do inverno, a temperatura aumenta por causa da falta de chuvas e o clima fica muito seco. Isso gera incômodos e sintomas como tosse, sangramento nasal, ressecamento da pele e coceiras na garganta.

Camillus Magalhães, otorrinolaringologista do Hospital Paulista, explica que a coceira na garganta, apesar de comum, pode ajudar a identificar refluxos laringofaríngeos, resfriados, desidratação e rinite, além de alergias respiratórias até alimentares.

O médico explica que receitas caseiras como gargarejos podem agravar o quadro. “Em episódios de coceira na garganta, hidratação e umidificação das vias aéreas são sempre o melhor a se fazer, principalmente quando o paciente não passou por avaliação especializada. Nunca se deve usar vinagre ou outras substâncias, como álcool, para gargarejo, pois elas podem mudar o pH da garganta e levar a outros malefícios”, ressalta.

O doutor Camillus observa que coceiras podem surgir também nos ouvidos, nariz e olhos, que podem lacrimejar. Além disso, são comuns nariz entupido, espirros, coriza, dores de garganta e no corpo.

 “O paciente pode apresentar sensação de pelo na garganta, pigarro e tosse. Para se obter o diagnóstico correto é necessária a visita ao otorrinolaringologista, que fará a correlação dos sintomas e poderá identificar a causa e o melhor tratamento”, reitera.





Camillus Magalhães explica que antialérgicos podem ser indicados para alergia e há medicações específicas para inibir a secreção gástrica, em casos de refluxo. No entanto, também é importante mudar o estilo de vida e alimentação. “Para a maioria dos casos o ideal é a hidratação, que deve ser feita em abundância. É importante que as pessoas nunca se automediquem, pois esse hábito pode mascarar os sintomas da doença”, observa.

Tirando o refluxo, as outras doenças são de fundo alérgico, e geralmente o anti-histamínico resolve.

Que me perdoe o doutor Camillus, mas fico pensando com meus botões: quem vai ao pronto-atendimento ou marca consulta por causa de uma simples coceira na garganta? Quem decide enfrentar de duas a três horas de espera para o doutor receitar um medicamento que já sabemos qual será?

Por outro lado, o que o médico vai pensar de quem vai ao consultório para esse tipo de problema? Sinceramente, acho que os doutores ficarão com muita raiva, principalmente porque têm de lidar com o excesso de atendimentos de casos mais graves. Em todo caso, fica aqui o alerta do especialista.

(Isabela Teixeira da Costa/Interina)