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ANNA MARINA

Instituto Inhotim: nova etapa com doação de Bernardo Paz

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No início da semana, recebi com orgulho a notícia de que Bernardo Paz doou, de forma definitiva, sua coleção de arte para o museu de Inhotim, criado por ele em sua fazenda, em Brumadinho. A doação marca uma nova etapa do instituto para promover a democratização e a sustentabilidade financeira da instituição para o futuro.





Na verdade, sua coleção já estava quase toda exposta no local, com aproximadamente 330 obras de arte contemporânea nacional e internacional, incluindo todas as 23 galerias e obras permanentes do museu e a área de 140 hectares, que compreende todo o jardim botânico, com mais de 4,3 mil espécies de diversos continentes.

A primeira vez que fui em Inhotim ele ainda não havia sido inaugurado. Bernardo recebeu em sua casa um grupo de jornalistas que estava em Belo Horizonte para um evento de moda. Além da imprensa, também convidou um grupo de empresários da moda. Foi difícil saber o que mais impactou todos: se a maravilha do local, a natureza belíssima com os jardins de Burle Marx, que foram restaurados pelo competente Luiz Carlos Orsini, ou as obras de arte gigantescas que encontrávamos no caminho, colocadas em meio à grama ou acomodadas dentro de enormes galerias. Foi um dia inesquecível, sem dúvida nenhuma, para todos.

Anos depois, retornei com um grupo de amigos e durante o almoço, no restaurante do museu, encontrei com Bernardo. Ele estava recebendo uns empresários estrangeiros. Como tinha muito tempo que não nos encontrávamos, sentou comigo e colocamos um pouco o papo em dia. Vi ali, em seu olhar, que estava feliz com o que tinha realizado, não por vaidade, mas pelo que estava proporcionando para as pessoas.





Outra novidade por lá foi a constituição de uma nova governança, com ampla representatividade da sociedade civil, liderada por Lucas Pessôa, Paula Azevedo e Julieta González, que compõem a nova diretoria do Instituto Inhotim, que assumiu em janeiro deste ano. Tudo isso para garantir a perenidade, sustentabilidade financeira, democratização do acesso e ampliação da programação artística e socioeducativa do maior museu a céu aberto do mundo.
 
Desde 2006, quase 4 milhões de visitantes já foram ao museu, além de mais de 800 mil crianças, adolescentes e adultos atendidos em programas socioeducativos.

A coleção de arte contemporânea de Bernardo Paz é uma das maiores e mais importantes do hemisfério sul, com esculturas, instalações, fotografias, vídeos, pinturas e desenhos de expoentes como Anri Sala, Arthur Jafa, Babette Mangolte, Chris Burden, Dan Graham, David Lamelas, Do-Ho Suh, Ernesto Neto, Mathew Barney, Nelson Leirner, Rosana Paulino, Olafur Eliasson e Yayoi Kusama. A lista reúne trabalhos inéditos, nunca expostos no Inhotim.

A doação contempla também as galerias emblemáticas de Adriana Varejão, Carlos Garaicoa, Cildo Meireles, Doug Aitken, Lygia Pape, Matthew Barney, Miguel Rio Branco, Valeska Soares, Rivane Neuenschwander e Tunga, entre outros. A transferência dessas obras e galerias, algumas com projetos arquitetônicos premiados, representa um marco para a cultura brasileira: Inhotim passa a ser a única instituição do Brasil em que a arte contemporânea internacional está em exibição permanente para o público.





A coleção de botânica de Bernardo Paz será integralmente doada e incorporada ao instituto. Ela compreende mais de 4,3 mil espécies de diversos continentes espalhadas pelos 140 hectares do Inhotim – algumas raras e ameaçadas de extinção – e uma das maiores coleções de palmeiras do mundo, além de três viveiros, laboratório de botânica e oito jardins temáticos.

Com a chegada da nova diretoria, em janeiro, o Inhotim deu início a um processo de ampliação da participação da sociedade civil. Formaram um novo Conselho Deliberativo, que passa a integrar a instância máxima de gestão, atuando como guardião da nova governança e contribuindo para sua perenidade.
 
O novo conselho tem Bernardo Paz como presidente e o empresário mineiro Eugênio Mattar como vice-presidente. Junto a eles estarão 18 pessoas, entre executivos de diversos setores e agentes culturais. Atualmente, entre 60% e 70% dos recursos mantenedores da instituição vêm de doações diretas, sem incentivo fiscal, realizados por Bernardo Paz. O Instituto Inhotim conta com apoio do Instituto Cultural Vale, Itaú, Cemig e CBMM.

(Isabela Teixeira da Costa/Interina)