Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

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Sou muito crédula. Acredito nas pessoas até que me provem o contrário. E quando se trata de amigas, então, confio mesmo. Outra coisa que sou é sincera – às vezes, até demais. Com o passar dos anos, passei a ser mais sutil e delicada para falar as coisas, muitas das minhas opiniões só emito quando questionada sobre o assunto. Sabedoria que adquiri com a maturidade e a experiência de vida.




 
Não sei se esse tipo de coisa acontece com vocês, leitores, mas comigo ocorre com bastante frequência. Às vezes, quando estamos entre amigas e vemos uma pessoa muito equivocada no que diz respeito à forma de se vestir, fazemos um combinado. Pedimos que caso alguma de nós erre na produção, a outra dê o alerta, para evitar “pagar mico” na rua.

O mesmo ocorre quando a roupa não favorece. Ou quando encontramos alguém com mau hálito, com maquiagem exagerada, enfim, tudo e qualquer coisa que, por causa da idade, ou da deficiência visual, possa nos levar a cometer deslizes.

Sou dada a falar alto demais, sempre peço a quem está por perto para me sinalizar se o volume ficar exagerado. Amo quando alguém dá aquela olhadinha, ou mesmo faz o sinalzinho despistado com a mão. Acho isso um favor, e sempre agradeço.




 
Sou dessas: pediu, fizemos o combinado. Beleza, fico, olho, não vou deixar a amiga virar meme. Infelizmente, depois de algumas experiências, todas desastrosas, abdiquei da minha função de alerta. Vejam algumas delas:
 
Certa vez, uma amiga – daquelas que combinaram o aviso em caso de mau hálito – apareceu com cheiro muito forte quando falava. É constrangedor ver a pessoa de quem você gosta conversar com os outros e notar as pessoas se distanciando, despistadamente, por causa do odor nada agradável.

Depois de uns 15 dias, quando estávamos sozinhas, fui toda delicada e falei que talvez ela devesse procurar o dentista, porque o hálito estava muito forte. Ela respondeu na maior tranquilidade que não precisava, porque tinha ido há pouco tempo. Nunca mais toquei no assunto. Até hoje ela sofre com o problema, mas não posso ajudar em nada, pois com ela o combinado não é válido.
 
O segundo caso foi com outra amiga. Ela sempre andou bem-vestida, mas apareceu com uma roupa que “deu barriga”. Não estava legal mesmo. Parecia grávida de uns cinco meses. Como encontrei com ela em um coquetel, não falei nada, mas depois dei um toque, dizendo que da próxima vez que usasse o vestido, deveria colocar cinta, pois a roupa lhe dava a barriga que ela não tinha. Além de dizer que não concordava comigo, ainda falou com outra amiga em comum que eu estava com inveja dela. Pode?




 
Alguém me explica, então, para que pedem pra gente avisar, se não querem ouvir? Cenas assim levam as pessoas a dizerem: “Será que fulana não tem amigos para falarem com ela que aquilo não ficou bom?”. Tem, sim, tem muitos amigos, mas não ouve nenhum deles.
 
Conheço uma pessoa que é um encanto. Muito delicada, agradável. Mas um verdadeiro equívoco no quesito imagem. Precisa passar por uma modernizada, a cor do cabelo e a maquiagem não estão valorizando a beleza dela, sempre exagera nos looks. Depois de tantos passa-foras que recebi, ela pode morrer assim. Da minha boca não vai escutar nem uma única palavra.

(Isabela Teixeira da Costa/Interina)