Jornal Estado de Minas

ECONOMIA DOMÉSTICA

O preço dos alimentos está pela hora da morte. Aprenda a aproveitar

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Nos primeiros dias do mês, fui cumprir a obrigação mais indesejada dos últimos meses: fazer as compras domésticas. Antes de sair de casa, procurei inventariar tudo o que já tinha em estoque, para não repetir a compra. Achei um e outro produto de alimentação e despensa, pensei que compraria menos itens, porque da última vez paguei quase R$ 2 mil. Achei um absurdo.





Por causa disso, resolvi optar por menos quantidade e menos itens para não pagar os tubos. Deixei de lado produtos tradicionais, como queijo parmesão, garrafas de azeite, a caixa de leite com 12 litros, pois já tinha comprado na padaria dias antes, e por aí vai. Não ficou na base da miséria, e, fazendo a conta de cabeça, imaginei que seria bem menos do que no mês anterior.

O milagre não aconteceu. Paguei mais ou menos a mesma coisa, comprando menor quantidade e menos variedade. Para chover no molhado, a vida está mesmo pela hora da morte. E, aparentemente, esse abuso não vai parar tão cedo.

A tendência, pelo que se ouve diariamente, é aumentar tudo. Andei controlando a quantidade, guardando um ou outro alimento que sobrou bastante, mas controlar alimentação doméstica com miséria não é uma boa para a cabeça de ninguém.





Certa época, estava muito sem tempo de fazer a intendência doméstica e incumbi uma das minhas funcionárias (ficou comigo 40 anos, saiu para morrer) de ir ao supermercado em meu lugar. Entregava o cartão de crédito, a senha e pedia controle nas compras. Apesar de ser honesta, daí a incumbência, ela adorava trazer novidades que apareciam na TV, além de coisas que não faziam parte de lista nenhuma. Sem falar dos sachês para suco, que nunca eram menos de 40.

Guardei umas listas dessas compras, para impedir exageros. Já naquela época, os preços não eram essa maravilha. Em 2017, a lista mensal de abril bateu nos R$ 641,07. Já na lista de julho, o valor total foi R$ 903,10.

A lista do sofrimento já ganhava corpo: um pacote de café custava R$ 4,99; 1kg de feijão, R$ 4,99; um pacote de arroz (5kg), R$ 15,99. Três meses depois, o café já estava a R$ 9,98, o feijão a R$ 8,49, o arroz a R$ 15,48 – uma curiosidade, porque esse foi o item que praticamente não subiu de preço.





Se comparados aos preços cobrados atualmente, não há salário que tenha subido a mesma coisa. E é por causa disso que as ruas das grandes cidades brasileiras estão repletas de pobres que, realmente, não têm o que comer.

Do jeito que as coisas andam, a mesa do brasileiro – sempre variada, mesmo sem produtos refinados – vai se tornar uma pobreza só. O tradicional arroz com feijão de todo santo dia não dá mais para ser encarado sem controle, pois o preço dos dois está proibitivo.

Não consigo entender é como um pacote de arroz pulou de R$ 15,99 para mais de R$ 30, se em 2017 foi o produto que subiu menos. A cultura brasileira em relação a alimentos tem vários preconceitos e o principal deles é, sem dúvida, o desperdício.





Cozinhar para sobrar é comum – o restante que vai para a geladeira ou freezer raramente é aproveitado. Aquele prato típico de antigamente, chamado mexido, é olhado de nariz torcido por quem acredita que é a mistureba de alimentos que sobraram de outras refeições. Na realidade, é isso que acontece, mas quando o mexido é bem preparado, vale uma refeição da melhor qualidade.

Os programas de culinária da TV têm mostrado pratos deliciosos feitos com legumes e hortaliças dos mais comuns. E não são poucos os que incluíram entre suas atrações o aproveitamento das sobras de outras refeições, que voltam à mesa com aspecto e sabor novos.