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Você sabe o que é uma união misyar?

Na Arábia Saudita, esse tipo de ligação existe e é considerado um casamento sem compromisso realizado muitas vezes em segredo


13/07/2021 04:00

 
Para me localizar na realidade da vida conjugal dos brasileiros em geral, conheço alguns casos de relações firmadas em cartório, em lugar de casamento formal, por falta de condições legais de uma das partes, na qual  o marido normalmente honesto acaba levando feio. Algumas mulheres que não querem nada da vida, a não ser ganhar dinheiro através de uniões, fazem sempre força para que isso aconteça. E uma vez separadas, não querem nem saber: deixam o “ex-amado” literalmente com as calças na mão. Sem dinheiro para o essencial. Esse truque corre o mundo, mas em outros países são os homens que querem passar as mulheres, esposas ou não para trás.

Na Arábia Saudita, esse tipo de ligação existe e se chama misyar, um casamento sem compromisso realizado muitas vezes em segredo, comum na sociedade saudita, especialmente entre homens sem recursos para um casamento tradicional caro, embora os críticos o denunciem como uma forma de legitimar a promiscuidade em um país ultraconservador. A prática é, em geral, uma aliança temporária. Nela, a esposa renuncia a alguns direitos do casamento convencional, como coabitação e apoio financeiro. É autorizada há décadas no país muçulmano.

Apesar de poder levar a abusos, o misyar atrai algumas mulheres que querem evitar as expectativas patriarcais do casamento tradicional, bem como os casais solteiros que buscam proteção religiosa para sua relação sexual, que é proibida fora do casamento sob as leis do país. O misyar oferece conforto, liberdade e uma companhia halal (autorizada pelo islã), avalia um funcionário público, que mantém um relacionamento do tipo há mais de dois anos com uma viúva. Pai de três filhos de um casamento convencional, ele diz que visita sua parceira misyar “quando quer". Sauditas, assim como trabalhadores estrangeiros do reino, procuram parceiros em aplicativos de namoro e páginas de casamento.

Outro dado importante, diferentemente do Brasil, é que o misyar é barato, não há dote, não há obrigação, explica um egípcio de 40 anos, em Riad. Ele começou a buscar esse tipo de união depois de mandar sua esposa e filho de 5 anos de volta ao Cairo, no início da pandemia do coronavírus, devido ao alto custo de vida na Arábia Saudita. Usou os khatba, ou casamenteiros, no Instagram, que cobram até 5.000 riais (US$ 1.333) pelo serviço.

Definiu a “mercadoria”: “Eu disse a eles minhas preferências – peso, tamanho, cor da pele”, admitiu. Essas uniões costumam ter vida curta, com muitas terminando em divórcio após 14 a 60 dias, relatou o jornal saudita Al-Watan, citando fontes do Ministério da Justiça. Para algumas mulheres, é uma forma de evitar ficar solteira, ou recomeçar depois do divórcio ou da viuvez.

Uma pessoa próxima a uma mulher séria divorciada em Riad contou à imprensa que estava em um relacionamento misyar secreto. Ela teme que seu ex-marido, um saudita, busque a custódia de seus dois filhos se descobrir que ela se casou novamente. Impossível calcular o número de uniões, muitas das quais são feitas sem documentos. Os clérigos sauditas dizem que a prática proliferou depois de 1996, quando o então grande mufti, a principal autoridade religiosa do reino, legitimou-a com um ato islâmico.

Mesmo assim, persistem dúvidas sobre a validade de uma prática efêmera e em contradição com os princípios básicos do islã, que exige uma declaração pública. A proliferação desse tipo de união agrada aos homens que querem evitar as responsabilidades do casamento polígamo. A modalidade é permitida no islã se todas as esposas forem tratadas igualmente. A imprensa local avalia que o misyar é uma "licença para ter vários parceiros sem aumento de responsabilidade e despesas". A lei pega quando algumas mulheres vão aos tribunais contra os homens sauditas que se recusam a reconhecer as crianças nascidas de um relacionamento misyar.

Um casamenteiro local dá sua versão, citando para seus clientes, geralmente "polígamos", o caso de um funcionário público saudita que manteve em segredo sua relação misyar de sua primeira esposa. Quando ele começou a desaparecer todo fim de semana, sua vizinha aconselhou sua esposa a "ficar quieta". “Ele recorreu ao misyar para não transformar sua vida em um inferno. Seja paciente e deixe-o sair no fim de semana, o resto da semana ele será seu”, acrescentou.

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